EUA e Israel
Por Guillermo Alvarado
Ao passo que endurecem os apelos para interromper o genocídio de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza, do presidente dos EUA Joseph Biden inclusive, mas não muito enérgicos, a realidade mostra que, nessa questão, como em muitas outras, a Casa Branca tem duas faces.
De um lado, está tentando acalmar a opinião pública interna, uma tarefa prioritária em um ano eleitoral, com pedidos mornos ao líder sionista Benjamin Netanyahu para um cessar-fogo e acesso humanitário a fim de evitar mais catástrofes humanitárias em Gaza.
Do outro, no mais absoluto sigilo, praticamente de maneira clandestina, a Casa Branca conseguiu que se aprovasse o envio de mais força letal para que Israel continue o massacre a seu bel-prazer, um claro sinal de apoio à política de extermínio contra a população civil palestina.
Biden obteve autorização para mandar 25 caças F-35, artefatos de alta tecnologia, e mais de 1.800 bombas MK84 e 500 MK82. Para que façam ideia, a MK84 pode penetrar 15 polegadas de blindagem metálica ou 3,4 metros de concreto e seu raio de ação letal ultrapassa 365 metros, três quarteirões e meio.
Fez isso ao mesmo tempo em que introduzia uma resolução hipócrita de cessar-fogo no Conselho de Segurança, conforme revela o jornal americano The Washington Post, que pode ser acusado de muitas coisas, menos de ser progressista ou antiamericano.
Com esse endosso, Tel Aviv, é claro, nunca cumprirá a resolução da ONU que pede uma pausa nas hostilidades e luz verde para a entrada de ajuda emergencial no intuito de evitar mais mortes por fome, doenças ou ferimentos que não podem ser curados.
O Ministério da Saúde da Palestina anunciou que o número de mortos desde o início da guerra aumentou no fim de semana para 32.623.
Enquanto isso, o Programa Mundial de Alimentos afirmou que, após quase seis meses de guerra, a população de Gaza está enfrentando "fome iminente".
Ao mesmo tempo, na complacente União Europeia, as declarações vão e vêm, mas sem nenhuma ação para pôr fim à tragédia, como, por exemplo, romper as relações diplomáticas com Israel, que está virando um Estado pária, situado à margem das regras de convivência.
Isso acontece justamente por causa da sensação de impunidade concedida pelos Estados Unidos, que, além dessa brutal guerra de extermínio, dão a Tel Aviv 3,8 bilhões de dólares por ano em ajuda militar, o que acaba se tornando uma espécie de licença para matar.