Acampamento Terra Livre, um espaço de luta e resistência

Editado por Irene Fait
2024-04-29 17:06:43

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Comunidades indígenas da América Latina se reuniram no Brasil

Por María Josefina Arce

Representantes de comunidades indígenas da América Latina chegaram a Brasília, capital do Brasil, no âmbito do evento anual conhecido como Acampamento Terra Livre, a maior Assembleia dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil, que completa 20 anos.

O evento, que terminou no fim da semana passada, foi um espaço para a articulação de ações que visam abordar os problemas dessas comunidades, com as quais o mundo ainda tem uma dívida histórica, após séculos de violência e marginalização.

Os participantes, que defenderam seu direito sobre a terra, reuniram-se na Esplanada dos Ministérios, onde estão localizadas as sedes dos três poderes  (Executivo, Legislativo e Judiciário).

A mudança climática também teve destaque na troca de opiniões, pois eles são altamente vulneráveis à mesma devido à sua estreita relação com a terra e seus recursos, dos quais dependem para sua subsistência.

Mas seu bem-estar está em risco devido às ações derivadas do desenvolvimento humano, especialmente a industrialização e o uso de combustíveis fósseis, bem como a ocupação de suas terras e a contaminação de suas águas por atividades como o garimpo ilegal.

Por isso, foi declarada a emergência climática em 2023, que voltou a ganhar destaque com o retorno à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, quem retomou a política de demarcação de terras indígenas, uma demanda antiga.

Além disso, criou o inédito Ministério dos Povos Indígenas e ganha força a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, destruída durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que incentivou a invasão das terras dessas comunidades.

Lula da Silva participou da cerimônia de encerramento do evento de 2023 e, na ocasião, recebeu uma representação dos participantes. O presidente brasileiro enfatizou que a questão indígena é uma questão de Estado.

Entre suas reivindicações, essas comunidades estão pedindo maior participação na tomada de decisões sobre as mudanças climáticas, um aspecto que deve ser levado em conta devido ao seu profundo conhecimento sobre o meio ambiente.

Na 22ª sessão do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas, no ano passado, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, enfatizou que a chamada "economia verde" não é um conceito novo para os povos indígenas. “temos muito para aprender deles”, ressaltou.

Durante estas duas décadas, o Acampamento Terra Livre tem sido uma oportunidade de dar visibilidade à arte e à sabedoria indígena ancestral, ao mesmo tempo em que se tornou um espaço para articular a luta incansável desses grupos étnicos por seus direitos.

Foram mais de cinco séculos de resistência e luta dos povos indígenas, que paradoxalmente defendem e protegem o meio ambiente para o bem comum e, ainda assim, pagam o preço mais alto pela crise climática.



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