José Mulino
Por María Josefina Arce
Desta vez, as pesquisas não erraram e, nas eleições gerais realizadas no domingo passado, no Panamá, José Raúl Mulino foi eleito presidente do país. Vale recordar que a Suprema Corte de Justiça deu luz verde à sua candidatura 48 horas antes da eleição.
Uma ação de inconstitucionalidade havia sido encaminhada à Corte contra Mulino, candidato da aliança Salvar Panamá, por não ter sido eleito nas primárias, nem ter um companheiro de chapa.
O ex-ministro da Segurança Pública substituiu o candidato inicial, o ex-presidente Ricardo Martinelli, que tinha sido desqualificado e condenado a mais de 10 anos de prisão em casos de corrupção.
De acordo com os resultados oficiais, Murilo, com 34,5% dos votos, venceu seu concorrente mais próximo, Ricardo Lombana, do Movimento Outro Caminho, que obteve perto de 25% dos votos. Os outros seis candidatos ficaram bastante trás.
Nas eleições de domingo houve alto índice de participação dos votantes; foram eleitos 20 deputados para o Parlamento Centro-Americano, 71 deputados para a Assembleia Nacional, 81 prefeitos, 701 representantes de territórios e 11 vereadores.
Mulino assumirá o cargo em 1º de julho deste ano e terá uma tarefa árdua pela frente, devido ao descontentamento popular com a inflação alta e a economia estagnada, que anos atrás estava entre as de melhor desempenho da região.
No entanto, a seca exacerbada pelo fenômeno climático El Niño reduziu a capacidade do Canal do Panamá, uma peça chave, de acordo com especialistas, no Produto Interno Bruto (PIB). As autoridades estimam prejuízos de US$ 500 a US$ 700 milhões devido à redução das operações do canal.
A seca também afetou o acesso da população à água potável, um problema que é mais visível nas áreas periféricas e rurais. Uma tarefa que está pendente há anos é a construção de infraestruturas que garantam o precioso líquido a todos os cidadãos.
Mulino também terá de resolver outras preocupações da cidadania. Uma pesquisa recente da Gallup revelou que a corrupção está no topo da lista, seguida pelo desemprego, o atendimento médico insatisfatório e o alto custo de vida.
As questões ambientais e a migração também marcaram o processo, no qual Martinelli, apesar de sua desqualificação, esteve presente durante todo o tempo.
Sem dúvida, foi um processo eleitoral controverso e peculiar, dada a influência de Martinelli e seu apoio a Mulino, que ficou com os eleitores do ex-presidente, muito popular apesar de ter sido condenado por corrupção e ser esta uma das preocupações dos cidadãos.
Muitos atribuem a popularidade de Martinelli à situação econômica favorável no país durante seu mandato, de 2009 a 2014. Outros, contudo, acham que os cofres públicos foram saqueados nos anos em que governou.