Exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuní
Por María Josefina Arce
Em agosto de 2023, nas eleições gerais antecipadas, os equatorianos também votaram pelo fim da exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuní, um dos lugares com maior biodiversidade do planeta. Um ano depois, a vontade do povo ainda não foi cumprida.
Embora o Tribunal Constitucional tenha decidido que as autoridades deveriam desmantelar a fábrica de petróleo em 12 meses, o Bloco 43-ITT, na província de Orellana, na Amazônia equatoriana, ainda está ativo.
A produção diária atual de hidrocarbonetos é de 50.000 barris, superior aos 43.000 extraídos no primeiro semestre do ano.
Durante sua campanha eleitoral, Daniel Noboa concordou com pôr fim à atividade petrolífera no Parque Yasuní. Porém, em novembro passado, ao assumir o cargo, mudou de ideia e achou melhor adiar tal decisão, para poder financiar a luta contra o alto nível de insegurança que prevalece no país.
Diante da pressão popular e da possibilidade de as organizações sociais, ambientais e indígenas recorrerem novamente ao Tribunal Constitucional, o presidente finalmente criou, em maio passado, um Comitê para a retirada progressiva da extração de petróleo no Bloco 43-ITT.
Listada em 1989 como Reserva da Biosfera pela UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a região abriga mais de 2.000 espécies de árvores e plantas, 204 espécies de mamíferos e 610 espécies de pássaros.
A exploração levou à poluição da água, às emissões de gases de efeito estufa, ao desmatamento e à invasão dos territórios do povo indígena Waorani.
A batalha para preservar a área tem sido longa. Em 2013, o coletivo ambiental YASUNIDOS recorreu ao Tribunal Constitucional em busca de um referendo. Somente alcançaria seu objetivo dez anos mais tarde.
O voto a favor do fim da exploração de petróleo em Yasuní foi histórico; foi um resultado a favor da vida de grande parte dos equatorianos, que o governo Noboa deve respeitar, conforme exigem as organizações sociais, ambientais e indígenas.
A essa exigência aderiram especialistas em direitos humanos da ONU. Enfatizaram que o futuro do Parque Nacional Yasuní, de seus habitantes, das gerações futuras e do meio ambiente global depende das medidas que forem tomadas hoje.