Batidas noturnas no Uruguai
Por María Josefina Arce
Em 27 de outubro, no dia das eleições gerais no Uruguai, uma questão antiga que divide a sociedade, as batidas noturnas das forças policiais, também será levada à consideração do público.
A proposta do governo de realizar um plebiscito sobre segurança que tem algum apoio, mas vem diminuindo, também está sendo questionada por muitos, porquanto a descrevem como mera propaganda no período que antecede as eleições, nas que será eleito o novo presidente do país.
Os analistas lembram que, durante sua campanha eleitoral de 2019, a atual coalizão de direita no poder disse que sabia como combater o crime, que não seria um problema no território uruguaio.
Nos últimos anos, contudo, houve um aumento dos delitos ligados ao crime organizado no Uruguai, o que levou a que aumentasse notavelmente a insegurança, de acordo com estudos de diferentes instituições.
A Frente Ampla, da oposição, discorda da forma e do tratamento do debate sobre a reforma constitucional em termos de segurança.
E aponta que o governo está apresentando as batidas noturnas como solução imediata para a luta contra o tráfico de drogas, uma ideia que, no seu entendimento, não tem fundamento.
Diversos setores afirmam que essa ferramenta deve ser manuseada com muita cautela e respeito aos cidadãos. Acadêmicos afirmam que implicará um risco iminente à integridade física e que o fator noite multiplicará a violência e o perigo.
Os que não apoiam a medida também afirmam que, do ponto de vista dos direitos humanos, pode infringir a prerrogativa da privacidade e do lar, conforme consagrado em leis e tratados internacionais.
Da mesma forma, foi enfatizado que as batidas noturnas são mais propensas a erros e abusos devido à maior vulnerabilidade dos ocupantes das residências.
Em um contexto de declínio no comparecimento às urnas e indecisão, os cidadãos votarão sobre o futuro de uma possível reforma constitucional que permitiria buscas noturnas controversas pelas forças policiais.