Soberania do Panamá sobre o canal se perdeu em tradução dos EUA

Editado por Irene Fait
2025-04-13 16:51:35

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Foto: UNIBE Canal do Pabamá

Por Roberto Morejón

Uma declaração conjunta do governo panamenho e de um representante de alto escalão do governo de Donald Trump provocou reclamações compreensíveis e dúvidas que não foram esclarecidas ao país centro-americano.

O Ministro da Segurança do Panamá, Frank Ábrego, e o Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, assinaram o documento no qual, de acordo com o lado panamenho, será respeitada a neutralidade do Canal e a busca de um esquema de custo neutro para os navios de guerra norte-americanos e de qualquer outro país.

No entanto, a interpretação caprichosa de Washington causou indignação entre o povo panamenho.

O presidente Donald Trump, que tem insistido em recuperar o Canal para o seu país, provocou o incêndio ao alegar que mandou muitas tropas para o Panamá.

De acordo com o que se sabe da declaração assinada, a nação centro-americana permitirá o estacionamento de militares dos EUA em áreas adjacentes à hidrovia interoceânica.

Segundo o presidente José Raúl Mulino, isso não significa a presença permanente de bases militares dos EUA e a cessão de território.

Mas Hegset tinha afirmado no Panamá que os exercícios conjuntos de defesa, que ocorrem regularmente, são uma oportunidade de reviver uma base militar onde operam as tropas de seu país.

Além disso, o Secretário de Defesa exclamou com euforia em Washington que os Estados Unidos estavam recuperando o controle sobre o Canal do Panamá.

Para completar, o governo panamenho foi forçado a reclamar levando em conta que a versão em inglês do comunicado conjunto omitiu uma frase sobre a soberania panamenha sobre a hidrovia.

O governo panamenho deixou claro que o Canal é e continuará sendo panamenho, mas a porta foi aberta para uma maior presença militar dos EUA, ainda que temporária.

Isso foi suficiente para que setores populares, sindicais e políticos se manifestassem criticamente sobre o acordo.

Ademais, lembraram que a presença de tropas norte-americanas é uma questão polêmica e sensível, porque os Estados Unidos tinham um enclave com bases militares antes de entregar o Canal em 1999.

Para muitos analistas, a nova declaração poderia colocar em dúvida que o Canal deva permanecer aberto e seguro.

Após 25 anos de o Canal ter sido resgatado e da saída definitiva do pessoal militar estrangeiro, os analistas debateram a possibilidade de retorno do que descreveram como a quinta fronteira.

Tudo isso em meio à historia da Casa Branca sobre o que chama de presença chinesa e a segurança nacional dos EUA, responsável, como se sabe, pela sangrenta invasão de 1989.



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