Nos últimos meses, os Estados Unidos têm experimentado um aumento das tensões raciais. Não só como resultado da violência policial contra os afro-americanos, mas também pelo surgimento de grupos que promovem o ódio contra este e outros grupos minoritários.
O evento mais recente aconteceu na semana passada numa igreja em Charleston, Carolina do Sul, com um saldo de nove mortos. Um dia depois atiraram contra um templo em Memphis, no estado do Tenesse, todos frequentados por cidadãos negros.
O Centro Jurídico para a Pobreza no Sul informou que desde os ataques de 11 de setembro de 2001, o país se obsessionou com a ameaça internacional contra o território dos Estados Unidos. Não obstante, a tragédia da igreja de Charleston lembra a crescente questão do terrorismo doméstico.
De acordo com a principal organização que luta a favor dos direitos das minorias desde princípios de século, o número de grupos que alimentam o ódio tem aumentado consideravelmente.
O certo é que indagações recentes indicam que nos últimos 13 anos o número de grupos extremistas nos Estados Unidos aumentou em 56%. Até a data existiam 939 agrupações deste tipo ativas.
Segundo Agência Federal de Investigações, em 2012 foram registrados 5 mil 796 crimes de ódio, envolvendo mais de 7.000 vítimas. Destes, 48% foram por motivos raciais e mais da metade dos agressores eram brancos.
A tragédia de Charleston significa um novo golpe para a comunidade negra do país, que nos últimos meses tem sido alvo de crimes cometidos por policiais brancos. O segmento negro realizou numerosas manifestações de protesto ante as ações racistas dos agentes do ordem.
A toda esta situação se acrescenta a facilidade de conseguir uma arma nos Estados Unidos. Estima-se que há mais de 200 milhões delas nas ruas. A questão divide à sociedade norte-americana, que em sua maioria está a favor de controlar a posse de armamento.
Condenando o massacre, o presidente norte-americano, Barack Obama, disse que é hora de refletir sobre o sistema de leis e o controle das armas de fogo. Em 2013, o mandatário iniciou uma ofensiva para regular sua venda e uso, mas a tentativa fracassou. A forte oposição de setores da ultra direita e grupos de pressão, como a Associação Nacional do Rifle, foram os principais opositores.
O certo é que nos Estados Unidos já são corriqueiros os crimes com armas de fogo. Tanto negros quanto latinos podem atestar o crescente racismo enraizado no mais profundo da sociedade.
(M.J. Arce – 25 de junho de 2015)