A profundidade da crise na Grécia levou a vários líderes da União Europeia a reconhecer as debilidades da arquitetura da moeda única, o euro, e propor programas de salvamento. Lembremos que a atual situação se agravou pelos desafortunados esquemas para resgatar aos credores ao invés de salvar a economia da nação grega.
À frente está a França com um projeto bastante complexo que inclui a criação de um governo econômico comum nos 19 países que têm esta divisa. Igualmente esse país propõe o estabelecimento de um Fundo Monetário Europeu, um parlamento da Eurozona, independente do que já existe, e um salário mínimo para os trabalhadores que recebem seus ingressos nessa moeda.
As iniciativas pretendem pôr remédio parcial à principal incoerência dos inícios do euro, incorporar a um sistema monetário único países com economias de diferentes graus de desenvolvimento. Isto se fez sem levar em conta a criação das compensações sociais e financeiras indispensáveis para equilibrar as profundas desigualdades.
Não é preciso ser um especialista para compreender que usar o mesmo critério para potências como a Alemanha ou a França, e países fracos como o Chipre ou a Grécia iam inevitavelmente provocar uma crise. Como era de se esperar os principais efeitos os pagariam os países mais vulneráveis.
Os afetados puderam evitar o pior do desastre com a simples ação de desvalorizar sua moeda, mas não foi possível pelo fato de o euro ser intocável. Além disso, a conversabilidade da divisa comum europeia não depende de uma política estatal soberana, senão das decisões do banco Central Europeu.
Se sabe que a Alemanha é a locomotiva europeia e a principal beneficiária do euro, mas não está disposta a pagar pelos problemas dos outros. Mais radicais do que os franceses, os alemães propõem criar na Eurozona um sistema jurídico e financeiro, onde o parceiro que tiver problemas de liquidez, simplesmente irá embora do sistema único.
Enquanto propostas vão e vêm, a realidade prova que o atual estado das coisas é insustentável na medida em que os programas de resgate sejam mais caros do que a crise mesma. Os grego são o melhor exemplo.
O povo acreditou que um novo governo, como o de Alexis Tsipras, seria uma solução, mas o mesmo sistema fechou todas as portas. Agora, a pergunta do dia é: Até onde pensam levar as coisas?
(GA – 29 de julho)