Ressurge caso de Pinochet no Chile

Editado por Juan Leandro
2015-08-07 18:30:29

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Notícias estimulantes começam a chegar desde o Chile. A justiça decidiu reabrir o chamado “Caso Queimados”, crime cometido contra dois jovens brutalmente agredidos pelas forças repressivas durante um protesto contra o regime de Augusto Pinochet.

Sem dúvida, muitos lembram que em 2 de julho de 1986 foram pressos o fotógrafo Rodrigo Rojas e a estudante universitária Gloria Quintana. A patrulha militar que os interceptou os levaram para um lugar afastado, os borrifaram com gasolina e logo os queimaram vivos.

Por acaso, ambos os dois sobreviveram e foram resgatados, mas Rojas faleceu após uma longa agonia. Gloria, com o corpo terrivelmente mutilado pelo fogo se salvou e se tornou um ícone da denuncia contra as barbaridades cometidas pelo exército e a polícia da ditadura.

Os culpáveis direitos do ataque guardaram silêncio durante mais de 30 anos, sob a proteção ou as ameaças de seus superiores. Até novembro passado o então recruta Fernando Guzmán revelou detalhes de como aconteceu a agressão contra os dois jovens.

Atualmente uma dozena de militares estão detidos e são interrogados por juízes. Cada vez mais vão sendo conhecidos os pormenores de um tipo de pacto que permitiu a impunidade, dentro e fora do país, num ato que provocou a recusa internacional.

É sabido, por exemplo, que Pinochet, quem governou a sangue e fogo o Chile entre 1973 e 1990, foi o mais ativo encobridor do caso. Seu regime exerceu pressões sobre juízes, testemunhos e outras pessoas para colocar um manto de silêncio sobre a questão.

Nos Estados Unidos, também se conhecia tudo o relacionado com o crime, segundo revelam recentes documentos desclassificados. Em Genebra, na desaparecida e desprestigiada Comissão dos Direitos Humanos, eles nunca disseram uma palavra sobre o horrível evento.

O “Caso Queimados” é apenas uma pinga no mar de sangue que Pinochet derramou no Chile. Não obstante, é reconfortante saber que se levanta o véu para jogar fora todos os horrores da ditadura.

Ainda ficam outras dívidas pendentes, como eliminar os 50 anos de segredo  ao redor do chamado Informe Valech. Nele se encontram 33 mil casos de assassinatos, desaparecimentos, torturas ou persecuções políticas durante a ditadura de Pinochet.

De que serviria conhecer a verdade quando todos os protagonistas, vítimas e verdugos já não estivessem neste mundo?

Justiça fora de tempo, não é justiça.

(GA – 07 de agosto)



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