O presidente de Cuba Raúl Castro foi recebido nesta segunda-feira com todas as honrárias no emblemático Arco do Triunfo de Paris.
O Chefe de Estado Cuba realiza visita oficial a França cuja importância histórica foi destacada pelo governo, políticos e os principais meios de comunicação desse país.
Segundo comunicado do governo francês, este périplo abre novo capítulo nas relações entre as duas nações após a viagem realizada a Havana pelo presidente François Hollande, em 2015.
Mathias Fekl, Secretário de Estado para o Comércio Exterior e a Promoção do Turismo, afirmou num fórum organizado pelo jornal L'Humanité que ambas as nações têm longas relações recordando que o escritor Vitor Hugo se pronunciou no século XIX pela independência de Cuba, que, naquele tempo, era colônia da Espanha. Na década de 1990, quando caiu o campo socialista no Leste Europa, a França foi um dos poucos países que se manteve ao lado da Ilha, observou o funcionário.
Em Cuba, a presença da cultura francesa data de muito tempo atrás. Vemos seus vestígios na arquitetura, em Cienfuegos, fundada por descendentes de franceses, e noutras cidades cubanas, bem como no cultivo do café e em várias expressões artísticas.
Um mulato cubano, Severiano de Heredia, foi prefeito de Paris em 1879, deputado e ministro de Obras Públicas. Desde o ano passado, uma rua da Cidade Luz leva seu nome, em reconhecimento obtido graças à pesquisa e a tenacidade do acadêmico francês Paul Estrade.
A propósito da visita de Raúl Castro, o jornal conservador Le Monde assinala que, pela primeira vez, a bandeira cubana tremulará no Palácio dos Elĩsios, e recorda a viagem realizada pelo líder histórico da Revolução Fidel Castro, em 1995, repetida no ano seguinte para assistir aos funerais de François Miterrand.
Já o jornal Le Figaró publica o artigo intitulado Tapete vermelho para Raúl Castro, no qual assinala que a França vai aproveitar o encontro para fortalecer sua presença econômica e comercial em Cuba.
Em 2014, a troca comercial entre as duas nações montou em 180 milhões de euros, dos quais 157 milhões corresponderam a exportações francesas. O montante vai aumentar através de alguns projetos que estão em andamento nas áreas de saúde e biotecnologia.
André Chassaigne, presidente do Grupo de Amizade França-Cuba na Assembléia Nacional, convocou as autoridades francesas a liderarem uma frente contra o bloqueio econômico dos Estados contra o povo da Ilha.
As bandeiras cubana e francesa tremulando lado a lado na avenida dos Campos Elísios são muito mais do que um símbolo. Significam o desejo e a oportunidade de estreitar as relações entre dois povos dignos e cultos, que deixaram marcas na história da humana, cada um a seu modo.