Em diferentes cantos do mundo continuam repudiando o assassinato da líder indígena e comunitária hondurenha Berta Cáceres, um crime que obriga o governo do presidente Juan Orlando Hernández a ir no encalço dos autores, não só dos que executaram o assassinato, mas principalmente dos que planejaram a ação brutal.
Há algum tempo, Berta Cáceres tinha denunciado a enorme vulnerabilidade dos que lutam pelos direitos dos indígenas e outras minorias étnicas, os que defendem o meio ambiente da depredação das multinacionais e a irresponsabilidade de muitas autoridades, que colocam as riquezas naturais nas mãos dos que só estão buscando dinheiro e lucros.
Esses combatentes – explicou – tocam interesses poderosos e isso sempre é um risco, especialmente se os programas de repressão são acompanhados pela militarização, amparada com vários pretextos, como os planos Colômbia e Mérida e o de Segurança para a América Central, supostamente criados para combater o tráfico de drogas e o terrorismo, mas fazem parte de um projeto de dominação continental.
Suas palavras, oferecidas em entrevista inédita até hoje a Osmán López, professor de sociologia da Universidade Nacional Autônoma de Honduras, foram proféticas. Por isso é indispensável saber logo de onde veio a ordem de matá-la, e tomar as medidas que forem necessárias para que os culpados sejam castigados.
O continente reclama justiça. Fora do continente também exigem justiça organizações de todos os tipos, personalidades políticas, profissionais e principalmente todos os povos indígenas, os negros, e outras comunidades originárias que viam na luta de Berta Cáceres uma caminho para sua dignificação.
Em Havana, mais de dez entidades, entre as quais merecem destaque o Instituto Cubano de Amizade aos Povos, a Organização de Solidariedade dos Povos da Ásia, África e América Latina, a Federação de Mulheres Cubanas e a Central de Trabalhadores de Cuba condenaram o crime e o tacharam de assassinato político.
Governos progressistas latino-americanos e cidadãos comuns de quase todos os países se somaram ao repúdio, cujos ecos chegaram até a ONU e ao Parlamento da União Europeia.
Neste último fórum, muitos recordaram a cumplicidade dos Estados Unidos e da União Europeia com o golpe de Estado contra Mauel Zelaya em 2009, assim como a deterioração da situação dos direitos humanos em Honduras desde então.
Sem dúvida, é um crime de ódio, cometido pelos que são incapazes de medir o valor da dignidade humana e a importância da defesa dos mais direitos mais elementares, como o de ter um entorno limpo e saudável para garantir uma vida melhor a todas as pessoas.
Acima de tudo, porém, o assassinato de Berta Cáceres foi um ato de medo daqueles que não têm medo de erguer sua voz e diante de cujos argumentos só lhes resta o desprezível recurso da força bruta. E cometem o erro de pensar que os tiros podem matar as ideias.