Em 2019, Cuba recebeu mais de quatro milhões de visitantes e incorporou aos serviços perto de quatro mil novas acomodações, num contexto que pelo endurecimento do bloqueio dos EUA e o complicado cenário internacional nos faz lembrar a última década do século passado, quando a Ilha tinha empreendido o desenvolvimento do turismo internacional.
Naqueles anos, o país foi obrigado a confiar em todas as suas potencialidades para não falhar ante tantas adversidades, que são muito parecidas com as que Washington trata de criar, hoje, outra vez.
O endurecimento da política dos Estados Unidos contra a ilha centrou-se no turismo desde junho passado com a aplicação de um pacote de medidas que envolvem desde restrições de viagens até sanções contra entidades ligadas a esse setor.
Tais medidas compreendem a proibição das operações de cruzeiros e outras embarcações em Cuba e dos voos diretos dos EUA a cidades cubanas, exceto Havana; a eliminação das viagens educativas grupais, e o endurecimento de campanhas para criar ambiente de dúvida e insegurança co relação às viagens à ilha, mais a ativação do Capítulo III da repudiada Lei Helms Burton, com o que se pretende desestimular o investimento estrangeiro na ilha.
A tudo isso se soma a instabilidade econômica em países europeus, onde houve protestos e manifestações com a conseguinte desmotivação por viagens a lugares distantes.
A esse panorama se integra a falência de importantes operadoras de turismo britânicas: JET2Holiday e Thomas Cook, que, em total, mandavam mais de 95 mil turistas a Cuba.
Cerca de 60 medidas foram adotadas pelo Ministério de Turismo de Cuba para enfrentar tais desafios.
O resultado é que Cuba, após uma queda considerável na recepção de visitantes encerra 2019 com temporada alta que registra notáveis crescimentos no movimento de viajantes e a incorporação de acomodações restauradas e também novas com as do hotel cinco estrelas plus Paseo del Prado, com o qual se avançou na estratégia de ampliar o segmento de alto padrão.
A inauguração desse estabelecimento situado em frente ao litoral de Havana e cuja fachada se parece com a proa de um navio foi prestigiada pelo primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, general de Exército Raúl Castro, e o presidente Miguel Diaz-Canel. A presença de ambos confirma a importância que as máximas autoridades do país concedem à indústria do lazer devido à sua contribuição para a economia, tanto em dinheiro, quanto como fonte de emprego e desenvolvimento territorial.
Intensa tem sido a gestão comercial e promocional desta indústria em 2019. As autoridades do setor e seus representantes compareceram às mais importantes feiras mundiais e regionais de turismo, assim como participaram de campanhas destinadas a mercados específicos para divulgar e comercializar a oferta cubana, que disponibiliza mais de 72 mil quartos em 300 hotéis, situados em zonas de praia, cidades e sítios de interesse natural que oferecem opções de lazer e culturais.
Mais de 44 mil quartos são geridos e comercializados em parceria com 19 gerências estrangeiras que apostam em Cuba em meio às pressões dos Estados Unidos para que saiam do país.
Além disso, mais de 26 mil quartos em casas particulares completam a oferta de hospedagem em território cubano.
Os festejos pelos 500 anos de fundação de Havana estimularam o processo de investimentos na capital, onde se inauguraram 12 novos estabelecimentos, entre eles destaque para os hotéis: Línea y N, Cueto, Vedado Azul e Portales de Paseo.
Igualmente, foram abertos três novos estabelecimentos recreativos e de lazer, como o Bar Los Beatles, a Discoteca Havana e o Complexo Ceia-Concert no hotel Comodoro, assim como a restauração total do Campo de golfe de Capdevila, entre outros.
Havana foi a sede da Feira Internacional de Turismo que focalizou em 2019 o turismo de cidade e a modalidade de turismo de eventos e viagens de incentivos, consideradas como as que mais lucros proporcionam ao país receptor. Importantes contratos foram fechados que vão beneficiar muito o setor turístico cubano.
Entre as projeções para 2020, vale destacar a realização de eventos de grande concorrência como Universidade 2020 e o encontro sobre turismo de saúde que será o primeiro de seu tipo no país.
O turismo de saúde junto ao convencional, de eventos, de cidade, o histórico-cultural, o de natureza e atividades aquáticas entre muitos outros continuam presentes no portfólio de ofertas do turismo em Cuba que se desenvolve com recursos próprios, em parceria com entidades estrangeiras e empresas mistas, tanto para a construção de novos hotéis, parques temáticos quanto campos de golfe.
As relações com os Estados Unidos poderão ser mais ou menos tensas, mas isso não vai mudar a projeção de desenvolvimento que empreendeu o setor turístico, porque Cuba mantém sua política de diversificação do mercado com grandes perspectivas na Rússia e China, que exibem notáveis crescimentos, ainda que o Canadá continua ocupando o primeiro lugar com mais de um milhão de visitantes ao ano.
A indústria turística cubana se consolida e proporciona empregos a 11.600 pessoas, está trabalhando para desenvolver a cultura do detalhe em prol da qualidade e se reafirma como uma proposta sadia e segura que, apesar de ser proibida para o mercado norte-americano pelo governo de Washington, não deixa ser uma tentação, sobretudo depois das opiniões positivas dos que estiveram aqui.
Cuba exibe um prestígio cada vez maior como país, pela hospitalidade de sua população, suas belas paisagens e praias bem conservadas, seus hotéis e lugares como Varadero, que aspira em 2019 a ser a segunda melhor praia do mundo, conforme pesquisa de Trip Advisor, o site das viagens.