O Capitólio Nacional, em Havana, é considerado um dos símbolos mais notáveis da cidade e um dos seis palácios mais relevantes do mundo, segundo especialistas. Foi construído entre 1926 e 1929, durante o governo do então presidente Gerardo Machado, a um custo equivalente a 16 milhões de dólares. Ocupa uma área de 13.484 metros quadrados.

Para dirigir as obras foi designado o arquiteto cubano Eugenio Piedra, sendo executadas pela companhia norte-americana Purdyand Henderson nos terrenos ocupados até esse momento pela estação ferroviária de Villanueva, a primeira da cidade. O propósito era acolher as duas câmaras do Congresso.

O imóvel tem 207 metros de ponta a ponta. A estrutura parte de uma escadaria monumental de 36 metros de largura e 28 de comprimento, com 65 degraus interrompidos por três descansos intermédios. A ambos os lados, dois grandes grupos escultóricos realizados em bronze pelo artista italiano AngeloZenelli, que representam a Virtude Tutelar do povo e o Trabalho. Cada um tem seis metros e meio de altura.

O pórtico central, com 36 metros de largura e 16 de altura, é suportado por 12 colunas jônicas talhadas em granito. Nele encontram-se as três portas principais de acesso com baixo-relevos em mármore, também de Zanelli.

A cúpula, de 92 metros de altura, foi considerada na época a quinta mais alta do mundo. Tem 32 metros de diâmetro e é coberta com lâminas de ouro de 22 quilates, rematada com uma estrutura circundada por 10 colunas jônicas. Embaixo do domo, dentro do prédio, foi colocada a imponente escultura da “República”, obra do escultor italiano. É feita de bronze e tem 15 metros de altura e 30 toneladas de peso. Naqueles anos, foi a segunda maior do mundo sob teto.

Este espaço se articula com o monumental Salão dos Passos Perdidos, que tem quase 20 metros de altura e serve de enlace com os dois corpos laterais, mais baixos e horizontais. Lá estavam a Câmara de Representantes, na ala norte, e o Senado, na sul. Ambas rodeiam os dois pátios interiores, solução muito eficaz para aproveitar a ventilação e iluminação naturais. Aqui foi colocada uma escultura dedicada a Lúcifer.

No centro, embaixo da Cúpula, foi embutido um diamante de 25 quilates que tinha sido propriedade do último czar da Rússia, Nicolau Segundo. A pedra foi trazida a Havana por um ourives turco, e marca simbolicamente o quilômetro Zero da malha rodoviária do país. Aliás, o diamante foi roubado em 1946 e, segundo as crônicas da época, reapareceu perto do escritório do então presidente Grau San Martín. Isso gerou inúmeras piadas sobre sua honestidade.

É notável a variedade e riqueza dos materiais usados na construção e decoração do imóvel. Foram utilizados mármores nacionais e estrangeiros no piso e nos painéis escultóricos; as grades são de bronze, e de madeira preciosa as portas, janelas e estantes; todas as lâmpadas vieram de Paris, e o trabalho em mármore, pórfiro, granito e ônix foi realizado por prestigiosos artesãos da Itália e da Alemanha.

Cabe destacar, também, as talhas em pedra e mármore das fachadas e os espaços interiores decorados por famosos artistas estrangeiros, como Drouker, Remuzzi, Casaubon, Fidele, Lozano e Struyf. As pinturas murais e quadros incluem obras de Leopoldo Romañach e Armando Menocal, mestres da plástica cubana.

Em 1959, com o triunfo da Revolução, o antigo Congresso foi dissolvido e o Capitólio transformado em sede da Academia de Ciências de Cuba. Décadas depois, após minucioso trabalho de restauração, concluído em 2019 sob a liderança do então Historiador da Cidade, Eusebio Leal, voltou a acolher o Parlamento, a Assembleia Nacional do Poder Popular.

Levando em conta a seriedade e esforço na tarefa de reconstrução e recuperação dos valores arquitetônicos, empreendido por especialistas cubanos com a participação de colegas russos, em 2021 o Capitólio de Havana recebeu o Prêmio Nacional de Restauração e Conservação de Monumentos.