O Arco de Belém foi construído pelo arquiteto Pedro Medina em 1775, e faz parte do conjunto Convento e Igreja de Nossa Senhora de Belém, em Havana, a capital de Cuba. Está situado na esquina das ruas Acosta e Compostela, constituindo um curto túnel que caracteriza o lugar. Passa por cima de uma das vias principais da parte antiga da cidade, sendo o único à vista de pedestres e caminhantes.

A origem do convento e da igreja se deve a duas personalidades do século XVIII no país: o bispo Diego Evelino de Compostela, cujo nome foi dado a uma das ruas, e Dom Juan Francisco Carballo, alferes de milícia, que foi um dos principais mercadores da Vila de San Cristóbal de La Habana. Carballoajudou a financiar as obras do imóvel,cuja função era dar refúgio a pessoas pobres convalescentes de diversas enfermidades.

A construção começou em 1712, sendo desde então ocupado por frades belemitas, ordem religiosa criada em 1656 na Guatemala.

A igreja, o claustro principal e o hospital, concluídos em 1720, constituem o núcleo do convento. Em 1772, os frades solicitaram uma licença para construir um corredor sobre a rua Acosta, com a ideia de facilitar o traslado de pessoas com doenças contagiosas, do prédio principal aos cômodos que a ordem tinha nos terrenos do outro lado.

Nessa época, as autoridades sanitárias da cidade tinham proibido transportar doentes pela via pública. O corredor foi coberto com um arco, cujas obras terminaram em 1775.

O Arco de Belém também é chamado de Acosta, por estar situado na rua do mesmo nome. Ali morou Dom Félix Acosta e Riaza, vereador e depositário geral da Câmara Municipal, em 1761. Ele se destacou na defesa da cidade contra as tropas inglesas que a ocuparam no ano seguinte, razão pela qual a rua leva seu nome.

Um detalhe interessante ou curiosidade sobre esta construção: parece que alguém que participou das obras quis deixar uma lembrança de sua terra natal e talhou numa pedra caliça um perfeito “lauburu”, de uns 40 centímetros de diâmetro, escoltado por duas flores de lis.

Em “euskera”, a língua basca, “lauburu” significa a cruz suástica de braços curvilíneos que se tornou o símbolo mais representativo do povo dessa região espanhola. Isso faz pensar que algum trabalhador basco participou da construção do Arco de Belém.

Nos últimos tempos, o Convento de Belém retornou à suas origens caritativas. Hoje, alberga um lar de idosos e um centro para atender crianças portadoras de deficiência física ou mental. De manhã funciona como jardim de infância. Também acolhe um projeto comunitário para pessoas da terceira idade que moram no próprio bairro, no qual são realizadas atividades socioculturais durante quase todo o dia.

Conserva-se como uma das muitas construções e imóveis milenares e importantes da parte colonial da cidade de Havana, tombada Patrimônio Cultural da Humanidade em 1982.