Carlos Manuel de Céspedes, o Pai da Pátria

Editado por Irene Fait
2022-06-19 18:13:23

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Um dos fundadores da nacionalidade cubana, o patriota Carlos Manuel de Céspedes, foi o primeiro em enfrentar em combate o exército espanhol na guerra de independência.

Em 10 de outubro de 1868 libertou seus escravos e convocou à luta contra o poder colonial com o grito de “Viva Cuba Livre”, encabeçando a primeira etapa do conflito armado.

Após ver sua tropa dizimada em enfrentamento desigual, ergueu-se sobre seu cavalo e exortou os que o acompanhavam: “Ainda ficamos 12 homens, basta para fazermos a independência de Cuba!”

Céspedes nasceu em 18 de abril de 1819 em Bayamo, na província de Holguín. Cubano viril, fazendeiro, advogado, iniciador da Guerra dos Dez Anos no engenho de açúcar “La Demajagua”, primeiro presidente da República de Cuba em Armas e Pai da Pátria, morreu solitário enfrentando uma força inimiga, vítima de uma traição e do conluio de falsos patriotas.

Em 27 de fevereiro de 1874 tombou mortalmente ferido aos 55 anos de idade o major general do Exército Libertador e líder da gesta de 1868. O mesmo homem que em 12 de abril de 1869 assumiu a presidência da República de Cuba em Armas até ser deposto em 27 de outubro de 1873 e confinado sem escolta na recôndita fazenda San Lorenzo, na Serra Maestra, região oriental de Cuba.

Um fato que demonstrou sua firmeza como líder da causa independentista cubana e explica por que é chamado desde então Pai da Pátria aconteceu em maio de 1870, quando o capitão mor da Ilha lhe comunicou que seu filho Oscar tinha sido capturado e seria condenado a morte, caso ele não se entregasse. A resposta de Céspedes foi cortante como o facão utilizado no campo de batalha; “Oscar não é meu único filho, eu sou o pai de todos os cubanos que têm morrido pela revolução”.

Em 1873, não quis que por sua causa se enfrentassem os próprios patriotas cubanos, e acatou com disciplina sua destituição por maioria da Câmara de Representantes. Estava ciente de que não aceitar a medida criaria uma divisão entre os patriotas cubanos capaz de fazer fracassar a luta.

Muitos membros da Câmara lhe atribuíram uma atitude antidemocrática e ditatorial. Outros, já convertidos em seus acérrimos inimigos, espalharam boatos em torno de sua pessoa. Era uma época de caudilhismo, regionalismo e divisão nas fileiras independentistas pelo poder.

As verdadeiras razões eram que ele se opunha à aprovação de formas de governo que, por serem extremamente democráticas e republicanas, limitavam as atribuições do Executivo e do General em Chefe para dirigir a guerra. Céspedes defendia com firmeza o argumento de que, para ter República, primeiro era preciso ganhar a guerra.

O caudilhismo dos chefes “mambises”, nome dado aos combatentes pela independência nesta Ilha, lhe impedia como poder executivo exercer o verdadeiro comando da luta armada. Existia também dentro da Câmara uma vertente anexionista que ele sempre enfrentou.

Sobre o assunto, o Pai da Pátria se pronunciou em carta a seu amigo José Manuel Mestre em 1870, quando disse: “No que diz respeito aos EUA, talvez esteja errado, porém no meu conceito, seu governo pretende se apoderar de Cuba sem complicações perigosas para sua nação”.

Carlos Manuel de Céspedes chegou à fazenda San Lorenzo na noite de 23 de janeiro de 1874. No sossego da serra se dedicou a escrever, ler, jogar xadrez e visitar a vizinhança da afastada região, onde também ensinava a ler e escrever às crianças e conversava com os camponeses do lugar.

Em uma dessas visitas, uma menina alerta da presença de tropas espanholas nos arredores. Ao parecer, uma traição tinha revelado seu paradeiro. Céspedes, revólver em mão, saiu da casa onde estava e enfrentou o inimigo que o perseguia. Os espanhóis queriam capturá-lo vivo. O patriota se defendeu, mas foi superado em número e poder de fogo dos contrários, e tombou assassinado.

O coronel do Exército Libertador Manuel Sanguily captou todo o simbolismo de sua morte ao resumi-la assim: “Céspedes não podia aceitar que ele, encarnação soberana da sublime rebeldia, fosse levado em triunfo pelos espanhóis, preso e amarrado como um delinquente”.

E prosseguiu: “Aceitou só, por breves momentos, o grande combate do seu povo: enfrentou com seu revólver os inimigos que se aproximavam, e ferido de morte por uma bala dos contrários, caiu num barranco, como um sol de chamas que se fundem no abismo”.

O cadáver do Pai da Pátria foi levado para Santiago de Cuba, onde foi sepultado num túmulo comum que, anos depois, transformou-se num belo monumento funerário graças ao dinheiro arrecadado pelos próprios habitantes da cidade.

Em 2017, foram exumados seus restos e os de Mariana Grajales, a Mãe da Pátria, com o objetivo de trasladá-los e colocá-los na área patrimonial central do cemitério de Santa Ifigenia, em Santiago de Cuba. Ali já estava túmulo do Herói Nacional, José Martí. Posteriormente foram colocadas as cinzas do líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro.

A partir de então, unidos na glória, recebem a homenagem do povo cubano e de visitantes estrangeiros, cientes de que a Revolução é uma só, que começou em 10 de outubro de 1868 e triunfou em primeiro de janeiro de 1959.

 



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