Fotos: ACN.
As tradições fazem parte da cultura de cada pessoa, povo ou país. Preservá-las, cultivá-las, ajuda a entender as raízes, a criar um forte senso de identidade e pertencimento.
Em Majagua, no município de Ciego de Ávila, seus habitantes cuidam de seu rico patrimônio cultural, composto pelas manifestações mais autóctones da vida no campo.
Entre elas está a parranda campesina, um tipo de música que tem sido uma característica das áreas rurais desde o século XIX, pois os moradores desses lugares procuram qualquer motivo para se reunir e expressar seu amor pela vida, pela arte, por seu parceiro, por sua terra natal, mas também para contar suas experiências e costumes.
A quantidade desse tipo de agrupamentos foi o motivo pelo qual, em 1983, o poeta local Gilfredo Boan Pina, ganhador dos prêmios nacionais de Cultura Comunitária e Memória Viva, promoveu a criação do Festival de Parrandas, que mais tarde recebeu o nome de Arbelio de Armas Consuegra (falecido), em homenagem a um dos fundadores desse evento, apreciado pelas crianças, jovens e adultos.
Desde então, a cada 12 meses, durante a semana da cultura do município, os majagüenses homenageiam o Punto Cubano, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, com a realização desse tipo de evento, que completa 40 anos em 2023.
O Punto cubano ou Punto guajiro é uma expressão poética e musical dos camponeses cubanos, que consiste em uma melodia acompanhada pela voz de uma pessoa que canta composições poéticas em décimas, improvisadas ou aprendidas.
Cada grupo de repentistas de Majagua, atualmente sete em atividade, é acompanhado por tres, claves, maracas, güiro, marimbula, bongo, acordeão e o típico facão como instrumento musical.
Esses parranderos, que cultivam o "punto camagüeyano" e fazem com que suas canções se adaptem ao ritmo da música, têm em seu repertório mais de 100 espinelas e melodias aprendidas, a maioria com mais de um século.
De acordo com os habitantes dessa localidade no sudoeste de Ávila, muito antes da fundação da cidade, em 2 de abril de 1906, já ocorriam celebrações de parranderos nos assentamentos agrícolas vizinhos, que duravam vários dias.
Cabe às gerações atuais e futuras manter viva a cultura popular do campo cubano, pois o mundo atual, acelerado e em constante mudança, coloca em risco as tradições e os valores de um povo. (Fonte: ACN)