Foto tomada de PL
Havana, 12 de julho (RHC).- Nesta segunda-feira, o presidente Miguel Díaz-Canel, junto com ministros e autoridades teve um encontro com a imprensa para abordar vários assuntos atuais, entre eles os incidentes ocorridos ontem em algumas localidades.
Afirmou que é válido expressar as opiniões, mas respeitando a ordem e a tranquilidade social, e denunciou que as ações de vandalismo e violência objetivam desacreditar a gestão do governo e da Revolução, e gerar divisões no país.
Um dos problemas arvorados foi o dos apagões, provocados por avarias em usinas termelétricas, que junto com os grupos de geração distribuída são o alicerce do sistema elétrico nacional. Nesse ponto, o ministro de Energia e Minas, Livan Arronte, explicou que estão trabalhando dia e noite para resolver o problema.
Díaz-Canel lembrou que em 2019 o governo dos EUA, encabeçado então pelo presidente Donald Trump, endureceu notavelmente o bloqueio com mais de 240 medidas coercitivas e a aplicação do capítulo Três da lei Helms-Burton, de marcante teor extraterritorial.
Isso fez crescer as dificuldades, inclusive pelas ameaças e punições a companhias de navegação para cortar a chegada de combustível a esta Ilha. Nesse contexto, decidiu-se proteger o consumo doméstico de eletricidade.
Porém, a política de asfixia econômica encaminhada a gerar explosões sociais tem efeito acumulativo, assinalou o mandatário cubano. Isso agravou a falta de peças sobressalentes, a disponibilidade de vários tipos de combustível necessários para a geração, e reduziu o financiamento externo pelo risco de sanções a instituições financeiras de terceiros países.
Nesse contexto, afirmou, é preciso poupar energia nas casas e nos centros de trabalho para contribuir a aliviar o problema, ao mesmo tempo em que se aceleram os trabalhos para reparar as avarias.
No encontro com a imprensa, em Havana, foram abordados os incidentes registrados contem na capital e noutras localidades. Rogelio Polanco, chefe do departamento Ideológico do Comitê Central do Partido Comunista, ressaltou que fazem parte da guerra não convencional contra Cuba.
Recordou quando foi embaixador na Venezuela e pôde ver o método de golpe continuado com sabotagens e outras ações, que lentamente buscam a derrubada de governos, também conhecido como golpe suave, híbrido, de quarta geração ou revolução colorida. Lá fizeram as chamadas “guarimbas” nas ruas, impedindo a passagem e promovendo distúrbios violentos.
Polanco mencionou que o mesmo método tem sido aplicado noutros países da América Latina e no mundo para gerar instabilidade, caos e uma resposta das forças de ordem pública.
Tudo isso aproveitando o espaço digital com a divulgação de fake news, manipulação de fatos, denigrar autoridades nas redes sociais e outras manobras. O objetivo é fraturar as instituições e a unidade nacional, com a participação de agências dos EUA que se dedicam a essa tarefa, sublinhou. E garantiu que é possível derrotar essa ofensiva com a unidade do povo.
O presidente Díaz-Canel ressaltou o aumento das campanhas contra Cuba na mídia e nas redes sociais, manipulando a questão das carências e problemas da população, apoiando-se em youtubers e influenciadores digitais. Falou que dos incidentes participaram também pessoas que não são contra o processo revolucionário, incitadas por essas campanhas.
Reiterou que a causa principal das dificuldades é o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos EUA desde o começo da década de 1960, e isso mostra que se trata de um discurso de “dois pesos – duas medidas” para deturpar a origem da situação. Indicou que o cerco limita a aquisição de medicamentos e matérias primas para produzi-los no país.
O mandatário referiu-se à abertura de lojas para captar divisas conversíveis que circulam no território nacional, e com isso ajudar a cobrir as necessidades e a oferta no mercado varejista.
A inclusão de Cuba na lista unilateral de Washington de países que supostamente não contribuem à luta contra o terrorismo, decidida por Trump e mantida pelo atual ocupante da Casa Branca, Joe Biden, impede usar esse dinheiro pelas pressões sobre as instituições financeiras de terceiros países.
Díaz-Canel denunciou que os que incitam a violência são os mesmos que defendem a privatização dos serviços públicos e privilegiar as elites às custas do povo.
E exigiu o fim do bloqueio norte-americano para poder desenvolver o país. Disse que temem o exemplo de Cuba e não são capazes de ter relações normais com uma nação que defende sua autodeterminação e o direito de construir o socialismo.
Ressaltou que nos incidentes de ontem houve vandalismo, saque de lojas, apedrejamento a policiais e outras ações violentas. Sublinhou que isso não pode ser permitido, porque não são expressões pacíficas. Assinalou que o bloqueio norte-americano afeta todo o povo, inclusive o setor não estatal, com o propósito de forçar uma mudança de regime.
E defendeu o sistema vigente nesta Ilha que tem um impacto positivo em todas as esferas. Disse que o que ocorreu no domingo une mais a população na defesa da Revolução, do socialismo e da pátria.
Quanto ao enfrentamento à pandemia, o presidente cubano disse que a situação atual está relacionada com os antecedentes de ter de lidar com a questão em meio ao desabastecimento, ao corte de fontes de divisa no exterior e outros problemas gerados pelas medidas hostis tomadas por Donald Trump e mantidas pelo atual mandatário dos EUA.
As manobras anticubanas buscam pretextos para pressionar Joe Biden para que não modifique a política contra esta Ilha, que abrange uma campanha para comparar o envio de brigadas médicas a outros países com a trata de pessoas.
Díaz-Canel frisou que o principal é garantir a saúde da população, e destacou o esforço do sistema de saúde, instituições, cientistas e a população para conter a transmissão do Sars-Cov2 e atender os doentes.
Contudo, hoje não é possível manter o esquema original de internar em hospitais e centros de isolamento todos os casos positivos, suspeitos e contatos, por causa do alto número de diagnosticados por dia. Apesar disso, o país mantém indicadores mais favoráveis do que muitas nações industrializadas, com baixa letalidade.
Nesse ponto, questionou os que propõem criar “corredores ou intervenções humanitárias” em relação a Cuba, que busca justificar a ingerência nos assuntos internos e não se justifica neste caso.
Afirmou que a OEA – Organização de Estados Americanos nunca rechaçou o cerco norte-americano a esta Ilha, nem agora em tempos de pandemia. O mandatário exortou a manter as medidas de prevenção, como o distanciamento físico, o uso de máscaras, a higiene das mãos e outras.
Por seu lado, o ministro da Saúde Pública, José Angel Portal, explicou que Matanzas, Havana e Santiago de Cuba são as províncias com maior incidência da Covid-19 nas últimas semanas, embora se registre um aumento do número de casos positivos diários em quase todo o território nacional, com elevação da incidência em crianças e jovens, e maior presença de sintomas da doença. Mesmo assim, a letalidade se mantém baixa em 0,64.
Portal indicou que no país circulam várias cepas, entre elas as detectadas pela primeira vez no Reino Unido, na África do Sul e na Índia, com maior poder de transmissão.
Destacou o papel dos profissionais da saúde, inclusive dos estudantes de medicina que contribuem em várias tarefas, e os avanços no processo de aplicação dos imunizantes cubanos Abdala e Soberana 02 e Plus, sendo que a primeira já foi autorizada para uso de emergência pelo Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos, o que significa que foi validada como vacina antiCovid-19.
O ministro destacou o impacto negativo do bloqueio norte-americano no setor da saúde, que dificulta a aquisição no exterior de remédios, equipamentos e insumos para produzir medicamentos e atender as necessidades da população.
O presidente Díaz-Canel assinalou que as medidas adotadas de prevenção e controle do Sars-Cov2 permitiram que desde o começo da pandemia só tenha adoecido 2,16% da população total do país.
No encontro com os jornalistas, o primeiro-ministro Manuel Marrero deu uma ampla explicação sobre o que tem sido feito em Cuba para enfrentar a crise sanitária gerada no país e no mundo pela Covid-19. Lembrou que nenhum governo estava preparado para lidar com uma situação desse tipo, e isso fez aumentar o impacto da enfermidade.
Marrero falou sobre a gestão da pandemia nesta Ilha e as políticas de prevenção, controle e enfrentamento, adotadas desde os primeiros meses de 2020, com a criação de um grupo de trabalho nacional, estruturas provinciais e municipais, e o acompanhamento contínuo da situação, além do contato permanente com os cientistas e especialistas engajados nessa tarefa.
Destacou o impacto do endurecimento do bloqueio dos EUA, que se mantém vigente apesar da pandemia, agravando os carências e dificuldades. O premiê externou seu convencimento em que o país vencerá a batalha contra a Covid-19.
Por sua vez, o vice-premiê Alejandro Gil, ministro de Economia e Planejamento, falou sobre as despesas adicionais no país para enfrentar o Sars-Cov2, levando em conta de que os serviços de saúde, em todos os níveis, são totalmente gratuitos e de acesso universal, ou seja, os pacientes não pagam nem um centavo pela internação e tratamento nos centros hospitalares e de atenção primária. Isso teve uma forte incidência no orçamento disponível para todas as esferas da nação.
Gil fez um resumo dos esforços feitos para cobrir esses gastos e tratar de manter funcionando a economia, num panorama marcado pela intensificação do cerco de Washington, que dificulta o comércio e as operações financeiras.
Sem o bloqueio, a situação econômica de Cuba seria diferente, sem dúvida alguma, afirmou o ministro. A prioridade hoje é o enfrentamento à pandemia, sem deixar de manter a vitalidade do país e continuar avançando, indicou.