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Havana, 16 de outubro (RHC) O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, disse que seu país vive uma situação de pressão máxima e asfixia econômica por parte dos Estados Unidos, para quebrar a unidade nacional e provocar o colapso da revolução.
Em uma entrevista exclusiva com o jornalista Arlín Rodríguez, o chefe de Estado cubano culpou a política de bloqueio dos sucessivos governos dos EUA contra a Ilha, que já dura mais de seis décadas.
O cerco econômico, a perseguição financeira e a enorme campanha de desinformação e subversão promovida pela Casa Branca tornam muito mais complexa a vida dos cubanos em meio ao conflituoso cenário internacional, explicou o presidente.
Apesar da persistência do bloqueio ianque, no primeiro semestre de 2019, a economia estava funcionando favoravelmente, lembrou, mas tudo começou a mudar com a aplicação de mais de 240 medidas coercitivas pelo governo do ex-presidente norte-americano Donald Trump (2016-2020).
Poucos dias antes de finalizar o mandato de Trump, ele incluiu Cuba na lista espúria de países que, de acordo com sua abordagem unilateral, patrocinam o terrorismo, o que cortou todas as formas de financiamento e acesso a recursos energéticos, comentou o presidente.
O atual presidente norte-americano continua com a mesma política, comentou Diaz-Canel destacando a crueldade de sua aplicação em meio à pandemia da Covid-19, cujo efeito sobre a economia foi devastador.
Nesse contexto, o chefe de Estado cubano ressaltou a proeza dos cientistas e do sistema de saúde, juntamente com o povo, que conseguiram salvar vidas criando vacinas, medicamentos e equipamentos médicos nacionais, diante da impossibilidade de acessá-los no mercado mundial.
Durante o diálogo com o jornalista do programa de televisão Mesa Redonda, Díaz-Canel se referiu às complexidades da economia nacional, marcada pela falta de divisas que impede a aquisição de matérias-primas para estimular as indústrias, produzir medicamentos, produtos agrícolas e importar os gêneros alimentícios necessários.
Ele reconheceu que, embora algumas medidas econômicas não tenham tido o impacto desejado, a atual espiral inflacionária não pode ser atribuída às decisões tomadas na chamada Tarefa Ordenamento, implementada poucos meses antes do início da pandemia de Covid-19.
O mundo está experimentando inflação com desestabilização das economias e dos mercados, o que se tornou mais complicado com o confronto entre a Rússia e a Ucrânia, explicou o chefe de Estado.
Ele argumentou que a direção do governo cubano leva em consideração as opiniões de acadêmicos, especialistas e da população, e que as decisões tomadas estão sendo estudadas para continuar corrigindo os desvios na política econômica.
Com relação ao impacto das micro, pequenas e médias empresas na economia nacional, o presidente elogiou sua contribuição para o fornecimento de bens e serviços que hoje não podem ser fornecidos pela empresa estatal socialista e pelo governo.
Diaz-Canel, contudo, concordou com as críticas da população a muitas empresas privadas que vendem a preços muito altos. Isto será ordenado e aperfeiçoado, estabelecendo regras mais claras e precisas, garantiu o presidente.
O setor privado e cooperativo é reconhecido em Cuba e isso foi endossado em congressos recentes do Partido Comunista Cubano, "aqueles que estão nas pequenas e médias empresas não são inimigos ou contra a revolução, nem querem derrotá-la; esse é um desejo do governo dos EUA, que politiza a questão", disse Diaz-Canel.
Apesar das complexidades da economia nacional, é possível reverter os problemas e aplicar o conceito de resistência criativa, para o qual há potencial na economia de recursos e no uso eficiente das poucas divisas disponíveis, detalhou o presidente.
"É possível transformar reveses em vitórias, superar adversidades e desafios, isso nos ensinaram a história de Cuba, Fidel Castro e Raúl Castro, porque este país não desiste de realizar seus sonhos", enfatizou. (Fonte: PL)