Bruno Rodriíguez
Nações Unidas, 28 de setembro (RHC)- O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, condenou veementemente as políticas de sanções e as violações do direito internacional durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, no sábado, enfatizando o impacto devastador dessas medidas nos países em desenvolvimento.
Em seu discurso, Rodríguez denunciou como essas políticas coercitivas, especialmente as promovidas pelos Estados Unidos, estão minando a estabilidade global e prejudicando seriamente os países mais vulneráveis.
"O bloqueio não é apenas uma violação do direito internacional, mas também contraria os propósitos e princípios desta organização", disse, ao mesmo tempo, condenou a inclusão de Cuba na lista do Departamento de Estado de países que supostamente patrocinam o terrorismo, uma designação que descreveu como "fraudulenta" e sem autoridade moral.
Embora os Estados Unidos tenham reconhecido publicamente a cooperação cubana na luta contra o terrorismo, o bloqueio e as sanções não foram relaxados, o que reforça a hipocrisia e a falta de coerência das políticas dos EUA em relação a Cuba.
Em um gesto de solidariedade, Rodríguez estendeu seu apoio a outros países que também sofrem com sanções e medidas coercitivas unilaterais, incluindo Síria, Nicarágua, Venezuela, Irã e Coreia do Norte.
Com relação à Venezuela, o ministro das Relações Exteriores de Cuba reafirmou o firme apoio de seu país ao presidente Nicolás Maduro, destacando a união cívico-militar do povo venezuelano como um baluarte contra ações desestabilizadoras, e condenou as tentativas de ignorar os resultados das eleições na Venezuela, considerando tais tentativas irresponsáveis e uma violação do direito soberano dos venezuelanos de decidir seu futuro sem interferência estrangeira.
Da mesma forma, destacou a dívida histórica da comunidade internacional com o Haiti e elogiou os esforços da comunidade caribenha para encontrar uma solução sustentável para a crise haitiana, e pediu que a independência e a soberania da nação sejam respeitadas.
"A história não perdoará os indiferentes"
Rodríguez iniciou seu discurso destacando a situação do povo palestino, vítima de mais de 75 anos de ocupação e violações de seus direitos. E denunciou que, nos últimos 11 meses, o exército israelense matou mais de 40 mil civis palestinos, a maioria crianças.
Essas ações, enfatizou, são apoiadas pelo governo dos Estados Unidos por meio do fornecimento de armas e do silêncio cúmplice da comunidade internacional. "A história não perdoará os indiferentes", disse.
"O genocídio contra o povo palestino deve cessar sem condições e sem demora", advertiu o chanceler cubano, e afirmou que as agressões de Israel, apoiadas pelos Estados Unidos, colocam o mundo em risco de uma "conflagração de grandes proporções", afetando não apenas o Oriente Médio, mas a paz global.
Por esse motivo, também condenou a crescente militarização e as doutrinas expansionistas agressivas das potências hegemônicas.
De acordo com Bruno Rodriguez, as violações contínuas da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, como a interferência nos assuntos internos de outros Estados e as medidas coercitivas unilaterais, tornaram-se parte da rotina diária da política global.
Enquanto isso, Rodríguez detalhou que os gastos militares globais atingiram um valor recorde em 2023, ultrapassando trilhões de dólares, o que aumentou o perigo de uma catástrofe nuclear.
Esse investimento maciço em armas contrasta com a falta de compromisso dos países desenvolvidos em cumprir suas promessas de ajuda oficial ao desenvolvimento, um fracasso que, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, reflete a indiferença à pobreza que afeta 5 bilhões de pessoas no mundo.
Um apelo à paz e ao desenvolvimento sustentável
Durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o ministro das Relações Exteriores de Cuba enfatizou a importância da paz e do desenvolvimento como condições essenciais para a estabilidade global. Destacou que a paz não será possível sem desenvolvimento e que os países desenvolvidos se recusam a investir adequadamente na prosperidade e segurança de todos.
"O 1% mais rico acumula quase o dobro da riqueza que o resto da população mundial", denunciou, destacando a crescente desigualdade econômica que perpetua a pobreza em vastas regiões do planeta.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba insistiu que, para enfrentar os desafios globais, é necessário avançar em direção a uma ordem internacional justa e democrática que garanta o desenvolvimento equitativo para todos os Estados.
"Diante dos enormes obstáculos e desafios que enfrentamos, a solução deve incluir inevitavelmente o perdão da dívida externa e uma ordem internacional baseada na igualdade soberana", enfatizou Rodríguez.
Por fim, o ministro das Relações Exteriores de Cuba conclamou a comunidade internacional a fortalecer o multilateralismo e promover uma ordem internacional baseada na solidariedade, no respeito mútuo e na cooperação.
"Precisamos de uma nova coexistência civilizada entre as nações, onde prevaleçam a cooperação internacional e a solução pacífica de controvérsias", concluiu Rodríguez, pedindo às Nações Unidas que assumissem um papel mais proativo na defesa dos direitos dos povos mais vulneráveis diante da agressão hegemônica.