Rául Castro e Barack Obama conversam em Havana

Editado por Yusvel Ibáñes Salas
2016-03-21 16:00:07

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Havana, 21 de março (RHC).- Nesta segunda-feira, o presidente cubano, Raúl Castro, recebeu em Havana seu homólogo norte-americano, Barack Obama, com quem manteve conversações oficiais.

Após se reunirem, ambos deram declarações à imprensa. O chefe de Estado cubano destacou os avanços no processo de aproximação bilateral nos últimos meses, e mencionou o restabelecimento do serviço postal direto e em breve dos voos regulares de caráter comercial entre os dois países, a colaboração em áreas de interesse mútuo, como a segurança na navegação marítima e na preservação do meio ambiente, além dos contatos em termos de agricultura, combate ao narcotráfico e em áreas de saúde, entre elas a colaboração para enfrentar doenças transmissíveis como o zika vírus e não transmissíveis como o câncer.

Raúl Castro disse que essa cooperação beneficiará os dois países e o hemisfério. Mais adiante, reiterou a necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro, vigente há mais de 50 anos, e ressaltou as medidas aprovadas pelo presidente dos EUA nesse rumo, além dos contatos entre empresas cubanas e norte-americanas nas telecomunicações e outras esferas.

O bloqueio é o obstáculo mais importante para o desenvolvimento de Cuba, sendo preciso eliminá-lo para poder normalizar as relações bilaterais, apontou Raúl, e reiterou que deve ser devolvido o território ocupado até hoje pela Base Naval norte-americana de Guantánamo.

O presidente cubano indicou que existem diferenças profundas de concepção sobre direitos humanos, democracia, justiça social e outros temas, e sublinhou que os direitos humanos são indivisíveis, e incluem a saúde, educação, seguridade social, alimentação e desenvolvimento. Porém, é possível alcançar a convivência civilizada acima dessas diferenças. Frisou que Cuba e EUA caminham rumo a uma relação de novo tipo, como a que nunca existiu entre ambas as nações.

Por sua vez, no encontro com os jornalistas após as conversações oficiais em Havana, o presidente dos EUA agradeceu ao papa Francisco por seu papel na aproximação entre os dois países. Sublinhou que Cuba é um país soberano, e o futuro da nação será decidido pelos próprios cubanos. Barack Obama coincidiu com Raúl Castro na existência de diferenças em torno da democracia e direitos humanos, mas ressaltou a importância do diálogo construtivo e do intercâmbio de ideias a partir do respeito mútuo. Nesse ponto, anunciou que em breve será aberto em Havana um diálogo bilateral direto sobre o tema dos direitos humanos, com a presença de representantes da ONU.

O presidente Obama apontou que se avançou muito na normalização das relações, e mencionou os voos diretos, intercâmbio e visitas de cidadãos norte-americanos, restabelecimento das rotas de ferrys e cruzeiros, e as perspectivas de aumentar o comércio. Também, a decisão de dar a Cuba maior acesso ao dólar nas transações internacionais. Indicou que continua pedindo ao Congresso suspender o bloqueio a Cuba.

Barack Obama elogiou o trabalho dos médicos cubanos no Haiti para debelar a epidemia de cólera e na África contra o ebola, e mencionou os produtos cubanos contra o câncer e outras doenças como base do intercâmbio científico bilateral. Reconheceu que o caminho da normalização das relações é difícil, mas pode ser levado adiante.

Antes, Obama depositou flores no monumento ao Herói Nacional de Cuba, José Martí, na Praça da Revolução desta capital. O mandatário escreveu no livro de visitantes: “É uma grande honra prestar homenagem a José Martí, que oferendou sua vida para dar a independência a sua pátria. Sua paixão pela liberdade e a autodeterminação vivem na gente da Cuba de hoje”, apontou.

Nesta segunda, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, recebeu em Havana o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

Cerca de 40 congressistas fazem parte da delegação de Obama em sua visita a Cuba. No grupo estão a líder da bancada do Partido Democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e os senadores Patrick Leahy e Dick Durbin, além do senador republicano Jeff Flake. Também, os representantes democratas Charles Rangel e Rosa DeLauro.

O presidente dos EUA tem pedido várias vezes ao Congresso pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba desde o começo dos anos 60. Hoje decorre em Havana um fórum entre empresários dos dois países, focado nas oportunidades de negócios em Cuba.

Mais de 1.500 jornalistas de 50 países viajaram à capital cubana para cobrir a viagem de Obama. Estão representados cerca de 400 meios de imprensa do mundo todo.



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