O Sudão do Sul faz parte do grupo de países africanos que se esvai em guerras fratricidas tendo, como pano de fundo, notáveis recursos naturais, cujo controle é cobiçado por nacionais e estrangeiros.
No Sudão do Sul, constituído há cinco anos, sendo a nação mais nova do mundo, se multiplicam os confrontos armados entre o presidente Salva Kiir e seu vice Riek Machar, algumas tréguas pelo meio.
É uma crise que esfacela os frágeis acordos de paz entre as partes.
Salva Kiir pertence à etnia Dinka e Riek Machar é da etnia Nuer, tradicionalmente inimigas.
Os choques entre os exércitos que seguem os dois políticos repercutem na população civil, obrigada a se deslocar em meio à perplexidade da ONU e da União Africana.
O conflito no Sudão do Sul obrigou 36 000 pessoas a se deslocarem de seus lugares de origem e sete mil delas vivem em bases de refugiados das Nações Unidas.
O número de mortos sobe e a falta de alimentos e água é visível num país com poucas rodovias, assim os mantimentos devem ser transportados por via aérea, o que envolve elevados custos.
A cinco anos do referendo que viabilizou a independência do Sudão do Sul, a nação mais nova do mundo exibe cidades devastadas, hospitais sem luz nem medicamentos e seu futuro é um ponto de interrogação apesar das riquezas naturais.
De fato, as rivalidades étnicas são inegáveis, mas por trás da violência também se escondem os interesses das multinacionais. Sudão do Sul tem minas de ferro, de cobre, cromo, zinco, tungstênio, mica, ouro, prata, diamantes e madeiras exóticas.
Sua principal riqueza é o petróleo: ocupa o terceiro lugar na África em termos de reservas, isso faz com que seja um ponto de rivalidade dos interesses geopolíticos.
Como em outros países africanos, no Sudão do Sul estão presentes os interesses da China no quadro de uma cooperação positiva.
Não obstante, a presença de Pequim no continente incomoda os consórcios interessados em controlar as riquezas naturais da África.
Infelizmente, as principais forças do Sudão do Sul estão mergulhadas em suas rivalidades étnicas e econômicas, por isso não podem encaminhar o país ao desenvolvimento e estabelecer um Estado ordenado.
Em uma nação onde falta quase tudo, as partes em confronto esbanjam recursos na aquisição de tanques, morteiros e helicópteros numa guerra absurda.
Naturalmente, os civis pagam as conseqüências das lutas pelo poder e sonham com a volta à paz para afugentar a fome.