EUA: um juiz que merece ser julgado

Editado por Martha C. Moya
2016-10-18 15:45:52

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Em artigo que publicou recentemente o jornal The Wall Street Journal, o ex-chefe da OTAN, Anders Rasmussen, afirmou que os Estados Unidos deveriam ser os policiais do mundo, porque têm “a grandeza material e moral para alcançar a paz e cortar o caminho que leva ao caos”.

Não conseguimos imaginar o mundo em que vive esse sujeito, nem a que grandeza moral se refere, até porque todas as evidências assinalam que uma boa parte do caos que existe, hoje em dia, em nosso planeta, se deve justamente às ações cometidas dentro e fora das fronteiras dos EUA, culpado de graves e atrozes violações dos direitos elementares de milhões de seres humanos.

Todos sabem que Washington gosta de bancar o juiz e sentenciar países cujos governos ou sistema político e social não lhe agradam.

Se fôssemos falar da elementar garantia da vida, sobrariam exemplos de como diferentes governos, de ambos os partidos, o Democrata e o Republicano, violaram-na de muitas maneiras. Basta recordar Hiroshima, Nagasaki, Coreia, Vietnã, Guatemala, República Dominicana, Cuba, Granada, Panamá, Nicarágua, Afeganistão, Iraque, Síria, sem contar a multinacional do crime montado em nosso continente sob o nome de Operação Condor.

Só nos Estados Unidos, 990 pessoas morreram nas mãos da polícia em 2015. Dessas pessoas 258 eram afrodescendentes. E de janeiro a setembro deste ano, esse número se eleva a 702. A maioria das vezes, os autores dos crimes são absolvidos pela justiça.

Para além dos assassinatos, são comuns os tratamentos cruéis e desumanos contra civis indefesos, e o sistema penitenciário é teatro da violência cotidiana contra os detidos, cometida pelos próprios guardas ou pelos detentos a serviço dos policiais.

Uma prática comum é o uso de cintos de eletrochoque, que provocam dores intensas e seu uso contínuo pode provocar a morte, sem contar o uso indiscriminado de produtos químicos contra manifestantes como gás lacrimogêneo ou pimenta.

A população carcerária dos Estados Unidos é de um milhão e meio de pessoas, das quais perto de 75.000 são mulheres, mas se adicionamos as sentenças de liberdade limitada o número se eleva a cinco milhões e meio.

Não percamos de vista a prisão construída na ilegal base naval de Guantánamo, onde o uso da tortura está institucionalizado e até o ano passado albergava 91 pessoas cujos direitos humanos, jurídicos e de qualquer outro tipo voaram.

Se este for o policial do mundo, com “grandeza material e moral”, que o senhor Rasmussen recomenda, então a espécie humana corre sério risco e existem razões justificadas para que todos os holofotes do mundo focalizem com preocupação um país que julga todos, menos a si mesmo.

(18 de outubro)

 



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