Partido anexionista ganha eleições em Porto Rico

Editado por Martha C. Moya
2016-11-10 15:22:01

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Voltados para as eleições presidenciais nos Estados Unidos devido às suas consequências para o mundo, muitos devem ter passado por alto outro processo muito importante para um povo que, há mais de meio século, luta para deixar de ser colônia dos Estados Unidos e para conquistar sua verdadeira independência: Porto Rico.

As eleições nessa ilha do Caribe colocaram no posto de governador Ricardo Roselló, do Partido Novo Progressista, de conhecida posição anexionista, o que significa um duro golpe para as aspirações independentistas de boa parte da população.

Durante sua campanha eleitoral, Roselló afirmou que vai trabalhar para transformar a ilha caribenha num estado dos Estados Unidos, o que não surpreende, levando em conta que é filho do ex-governador porto-riquenho Pedro Roselló, que sempre tinha sustentado essa postura.

Se houvesse alguma dúvida quanto às suas intenções, suas primeiras palavras após a vitória foram claras: “chegou a hora de aspirar à igualdade plena, que só teremos sendo o estado número 51 da nação americana”.

Para Roselló, os problemas que enfrenta Porto Rico hoje em dia têm a ver com o fato de não ser formalmente parte dos Estados Unidos. Mas a verdade é outra: seu status colonial, que Washington sempre quis esconder, é a verdadeira causa da crítica situação pela que atravessa essa nação latino-americana.

Porto Rico tem uma dívida de mais de 72 bilhões de dólares, o que incide com força na população. O desemprego é de 12 por cento, mais do que o dobro da taxa nos Estados Unidos, e mais de 40 por cento de sua população vivem na pobreza.

Vale a pena recordar o governo de seu pai, Pedro Roselló. Durante seu mandato de 1993 a 2000 assumiu grandes e caros projetos de infraestrutura, confiando no dinheiro que chegaria dos Estados Unidos, mas o dinheiro nunca apareceu e as despesas foram cobertas com empréstimos aumentando assim a dívida pública do país.

Porto Rico, por ser uma colônia, está submetida às ações de uma junta de controle fiscal, criada a partir da chamada Lei Promessa, cuja finalidade seria reestruturar a volumosa dívida.

A Junta, contudo, pode vender bens, propriedades, prédios e corporações públicas, além de decidir quais leis serão aprovadas e quais leis não serão, utilizando o critério do impacto fiscal, mesmo que prejudique a vida, a saúde e os recursos sociais e naturais do país.

Ricardo Roselló, que propõe reduzir ainda mais as verbas do governo, e estabelecer um orçamento limitado para os serviços essenciais e de prioridade, contou para sua vitória com um forte apoio econômico e dos antigos simpatizantes de seu pai no Partido Novo Progressista, porque, na opinião dos analistas, nunca conseguiu convencer totalmente seus correligionários.

As eleições não mostraram resultados alentadores. Os porto-riquenhos terão um novo governo entreguista que deixará de lado as ânsias de liberdade.

Porém, os independentistas não aceitarão a imposição de uma ditadura através da junta federal fiscal dirigida a partir de Washington, mantendo a postura de resolver a situação de subordinação politica colonial e persistem em convocar à resistência do povo contra a corrupção e o entreguismo.

(10 de novembro)



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