A organização rebelde Exército de Libertação Nacional – ELN -, da Colômbia, confirmou que estava preparada para iniciar, neste mês de janeiro, as conversações de paz com o governo do presidente Juan Manuel Santos. Sem dúvida, é uma boa notícia para esse país, que aspira a alcançar a concórdia definitiva fechando as feridas que a prolongada guerra deixou na sociedade.
Vale recordar que se encontra em fase muito avançada o processo de paz com as Forças Armadas Revolucionária da Colômbia – FARC –, depois do plebiscito que o governo tinha organizado para que a população manifestasse se concordava ou não com o acordo alcançado, e no qual prevaleceu o NÃO.
Este obstáculo obrigou a reformular vários aspectos do pacto, que já foi assinado de novo e se consolidou, recentemente, com a aprovação de uma Lei de Anistia pelo organismo legislativo colombiano.
Agora é a vez de conversar com o ELN. A reunião acontecerá no Equador e contará com os bons ofícios das nações garantes: Venezuela, Cuba, Chile, Brasil, Noruega e o país sede.
O ELN informou em comunicado que comparecerá pontualmente ao encontro, no dia 10 de janeiro, e rechaçou a imposição de medidas unilaterais durante as negociações, porquanto, afirmou, são interlocutores que devem acertar os relógios.
As duas delegações tinham encontro marcado para instalar uma mesa pública de negociações em 27 de outubro, mas o governo de Santos suspendeu a reunião e pôs como condição a libertação do ex-deputado Odin Sánchez, retido pela guerrilha desde o mês de abril do ano passado.
O presidente colombiano recebeu em 2016 o Prêmio Nobel da Paz concedido pela Academia Norueguesa pelos acordos pactuados com as FARC. Muitos analistas julgam que o prêmio devia ter sido compartilhado pelas duas partes que negociaram o fim do enfrentamento armado.
Além disso, falta muito para alcançar a paz definitiva na Colômbia. Para além das conversações com ELN é necessário combater os grupos de crime organizado, especialmente o narcotráfico, dissolver os paramilitares e outras forças irregulares e fechar as bases que o exército dos Estados Unidos mantém na Colômbia.
Nesta direção, são contraproducentes os contatos de Juan Manuel Santos com a OTAN. Ele pretende iniciar com esta organização um acordo de cooperação sob o pretexto de modernizar suas forças armadas e combater o crime organizado.
O presidente colombiano deveria compreender que tanto as bases militares norte-americanas, quanto a eventual presença da OTAN na Colômbia são contrárias à declaração da América Latina como zona de paz em janeiro de 2014, em Havana, na 2ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos.