Em discurso mal assessorado que desprendia profunda ignorância sobre a história e a atualidade do povo de Cuba, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nova política de seu governo, confusa e contraditória, em relação à Ilha. Certamente, tal política ocasionará prejuízos econômicos às empresas norte-americanas e restrições aos direitos de seus cidadãos.
Na fala, o chefe da Casa Branca atrasou o relógio até os anos da guerra fria. Sua retórica teve por objetivo agradar aos ouvidos de sua audiência no ato realizado em Miami ao que compareceram grupos contra-revolucionários instigados por políticas da extrema direita que buscam espaço nesse governo.
Trump, na presença de um auditório delirante, anunciou a reversão dos avanços alcançados entre ambos os países desde 17 de dezembro de 2014. Foram eliminadas, entre outras coisas, as viagens particulares de norte-americanos com fins educativos, foram brecadas as relações comerciais com determinadas empresas públicas cubanas e se anunciou o endurecimento do criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro.
Os dois países vão continuar mantendo relações diplomáticas, serão mantidas as viagens e o envio de remessas de dinheiro aos familiares pelos cubanos residentes nos Estados Unidos, e não haverá marcha à ré na banida política migratória “pés secos, pés molhados”, e noutros acordos fechados em diferentes matérias.
O presidente da organização Engage Cuba, James Williams, disse que as mudanças vão provocar bilhões de dólares de prejuízos à economia dos Estados Unidos.
Com efeito, o senhor Trump limita as empresas de seu país e deixa aberto o campo aos concorrentes de outros lugares, como assinala artigo publicado na sexta-feira da semana passada pelo diário francês especializado em temas econômicos LES ECHOS. O articulista explica como várias firmas francesas se posicionaram no mercado turístico cubano.
Estamos falando, por exemplo, no grupo Corsair, principal operadora de turismo francesa, que inaugurou em 18 de junho seu voo direto Paris-Havana e considera Cuba o 4º destino turístico preferido pelos franceses.
Temos, também, a corporação Bouygues, ligada a programas imobiliários no setor turístico cubano. Ambas as empresas estão mais do que satisfeitas com a decisão de Trump de manter afastadas as empresas norte-americanas de um mercado tão potente quanto o cubano.
Em Cuba, o relógio continua marcando a hora exata, como demonstra a declaração do governo publicada após o discurso do presidente norte-americano que analisaremos em outra ocasião.
Os anúncios de Trump – diz o documento – contradizem o apoio majoritário da opinião pública norte-americana - inclusive da emigração cubana naquele país - à cessação total do bloqueio e às relações normais entre as duas nações.
O governo de Cuba reiterou sua disposição de manter diálogo respeitoso, cooperar e conviver civilizadamente com seu vizinho do norte, mas não se deve esperar de jeito nenhum que faça concessões inerentes à sua soberania e independência, nem admita condicionamentos de nenhum tipo. Cuba é um país livre e seu destino se decide aqui, com seu povo, que usufrui garantias e direitos que são mero sonho noutras partes do mundo. (Fuente/Guillermo Alvarado)