Na última terça-feira começou em Nova York a 72a Assembleia Geral da ONU, da que participam chefes de Estado e de Governo e altos representantes dos 192 países membros. Os presentes debatem temas da atualidade internacional, como a guerra contra o terrorismo, os conflitos armados e as crises políticas em diferentes pontos do planeta, a mudança climática e outros.
Infelizmente, os oradores não encontraram um mundo melhor com relação ao que existia no período anterior, porquanto a grande maioria dos antigos problemas ainda não foram resolvidos e outros novos se acumulam.
A Carta das Nações Unidas que funda a entidade foi assinada em 26 de junho de 1945 após vários eventos em que se perfilaram os princípios da que seria a máxima representante das nações em nível mundial,. Destaque para a conferência realizada em Washington de agosto a outubro de 1944, depois a de Ialta em fevereiro de 1945 e a definitiva, a de São Francisco, em abril daquele ano.
Apesar da oposição de alguns dos 40 signatários originais da Carta, entre eles o então chanceler da Guatemala Guillermo Toriello, a ONU nasceu com o grave defeito do antidemocrático direito de veto no Conselho de Segurança concedido a cinco potências: EUA, Reino Unido, França, China e a ex-União Soviética, hoje Rússia.
O direito de veto e a presença permanente desses países no Conselho constituem um desequilíbrio nas relações internacionais que é preciso reformar.
Neste 72o período da Assembleia Geral, que constitui a estreia do secretário geral Antonio Gutérrez, muitos países vão insistir em que seja resgatado o Acordo de Paris sobre Mudança Climática, que corre risco depois de ter sido abandonado pelos Estados Unidos, um dos principais responsáveis pela poluição cujos efeitos são visíveis em qualquer rincão do mundo.
Outros vão reclamar normas justas para atender às grandes mobilizações humanas, compostas por milhões de pessoas que fogem da guerra, da miséria e dos desastres naturais.
Nossa espécie se aproxima a passos céleres do prazo previsto para o cumprimento das metas de desenvolvimento do milênio, fixado para 2030, sem conseguir verdadeiros progressos, em verdade o que vemos são retrocessos claros, como vem ocorrendo na questão da fome.
Como todos os anos, Cuba apresentará resolução sobre a necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro, que lhe impõe há mais de 50 anos os EUA e que representa o principal obstáculo para seu desenvolvimento e provoca graves sofrimentos à sua população, especialmente às crianças e aos idosos.
É urgente o estabelecimento de uma nova ordem financeira internacional, e de normas claras e justas para um comércio equitativo, com respeito total à soberania, à defesa do princípio de não intervenção e o estabelecimento de relações de igualdade mútua.
Se a humanidade quiser resolver seus problemas têm suficiente material para trabalhar seriamente. Porém, como sempre, veremos muitas personalidades na ONU pronunciando seus discursos sem escutar os dos outros, como os piores surdos ou cegos que não querem ver.(Guillermo Alvarado)