Por: Guillermo Alvarado
O primeiro turno das eleições no Brasil terminou com resultado cômodo para a extrema direita, que obteve boa vantagem para o segundo turno a realizar-se em 28 de outubro. A esquerda está obrigada a trabalhos forçados para conseguir um resultado que parece tão difícil quanto os do mitológico herói grego Hércules.
O candidato da extrema direita Jair Bolsonaro - apoiado pela grande imprensa nacional e internacional e os setores econômicos poderosos - obteve 46 por cento dos votos. E o candidato do Partido dos Trabalhadores PT Fernando Haddad ficou em segundo lugar com 29 por cento.
Vale recordar que Fernando Haddad fez menos de um mês de campanha, foi lançado em 11 de setembro como substituto do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, vítima de uma conspiração judicial para impedir sua participação dos pleitos.
Talvez o lançamento de Haddad fosse tardio. Lula batalhou até o final por sua candidatura, portanto, seu herdeiro não teve tempo suficiente para a divulgação de seu programa num país imenso, onde o nome de um partido, ou de um político, não foi suficiente para vencer as barreiras do medo e da desconfiança.
Todo o mundo sabe que o capital eleitoral não se transfere de uma pessoa para outra automaticamente, porque para obter o voto é preciso estabelecer uma corrente de confiança entre o candidato e a população, que é construído passo a passo.
Outra má notícia para o PT, no último domingo foi a derrota da ex-presidente Dilma Rousseff, que aspirava a uma cadeira no Sendo pelo estado de Minas Gerais e ficou fora do páreo.
Nas eleições nada está definido até que se apure a última cédula, e não se deve pensar que o insucesso de domingo passado marca definitivamente a derrota na contenda, mas será mais fácil reverter os resultados se forem levados em conta os fatores que estão incidindo na esquerda.
O primeiro deles é a tendência suicida à separação. Certa feita, um político francês assinalou que tudo continuará na mesma se muitos dirigentes insistirem no conceito de “todos unidos, mas todos unidos atrás de mim”.
É preciso buscar fórmulas novas de unidade, sem vestígios de hegemonia ou caciquismos. Estamos pensando em fórmulas que convidem o povo a acreditar num projeto sério, especialmente no caso do Brasil, onde, acima de tendências ou partidos políticos, está em jogo o futuro da Pátria em 28 de outubro.
Não se trata de direita ou esquerda, se trata de luta de classes, de impedir que um fascismo - talvez nunca visto antes na região - tome conta do país mais extenso do continente e acabe de esfacelar o que resta de integração dos sonhos de nossos pais fundadores: Marti, Bolívar, Sandino, Farabundo Marti e Che Guevara.
O que estão em jogo são a história e o futuro. Os políticos brasileiros não podem se permitir o luxo de ignorar esta encruzilhada. Não é uma opção, é imperativo se juntar com o povo e impedir a catástrofe em tempo.