Por Guillermo Alvarado
No 70o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos – um documento histórico destinado a propulsar as garantias fundamentais a todos os habitantes do planeta sem distinção – se divulga uma notícia capaz de gelar as comemorações pela data: o mundo gasta cada vez mais dinheiro na produção e compra de armas modernas e outras de extermínio.
De acordo com o Instituto Internacional de Estudos pela Paz de Estocolmo- SIPRI -, em 2017 o comércio desses artefatos montou em 350 bilhões 553 milhões de euros, dinheiro suficiente para resolver os principais problemas dos setores menos favorecidos.
O relatório enumera as 100 principais empresas produtoras de arsenais, equipamentos de transporte aéreo, terrestre e marítimo, de comunicação rastreamento e outros destinados a que parece ser a atividade mais frequente de nossa espécie desde o começo da história: a guerra.
SIPRI assinala que ao comparar as informações atuais com as registradas em 2002, ou seja, faz apenas 15 anos atrás, o gasto em armas subiu 44 por cento, o que significa que estamos vivendo no século 21 uma das épocas mais violentas desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Vale explicar que o dado é incompleto porque não inclui as estatísticas da China, o país mais povoado do planeta e dono de uma considerável indústria militar.
O Instituto tinha publicado faz alguns meses atrás outro documento em que assinala: diminuiu levemente o número de bombas nucleares, porém as principais potências gastaram grandes somas de dinheiro na modernização de suas ogivas e os sistemas de lançamento e defesa.
No começo de 2018, os nove países nucleares: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte – possuíam 14.465 armas desse tipo, 470 menos do que um ano atrás.
Não é um grande consolo, se explodissem só 10 por cento das mesmas, a vida evaporaria do planeta, e talvez sumiria junto com ele.
Que tudo isto ocorra quando 821 milhões de pessoas passem fome e 50 milhões de crianças sofram de problemas de crescimento que lhes deixarão sequelas permanentes e 750 milhões vivam em condições de pobreza, mostra que a humanidade não está conseguindo aprender a lição e está bem longe de alcançar os propósitos arvorados há sete décadas.
Tudo indica que não se poderá cumprir a meta de erradicar a fome e a pobreza até 2030, dentro de apenas 12 anos, mas, isto sim, haverá mais armas.
Este é o melhor momento para recordar o histórico discurso pronunciado pelo líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, na ONU, em 1979, quando disse: “ As bombas poderão matar os famintos, os doentes, os ignorantes, mas não podem matar a fome, as doenças, a ignorância. Também não podem matar a justa revolta dos povos”.