Paris bem vale uma reforma?

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-12-13 07:37:43

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Por: Guillermo Alvarado

Em 1593, em plena guerra religiosa na Europa, o rei protestante Henrique IV abjurou sua religião e se converteu ao catolicismo para aplacar os ânimos dos franceses e conseguir, assim, que fosse aceito como novo rei. Explicou seu comportamento com esta frase histórica: Paris bem vale uma missa.

A famosa expressão, apócrifa ou não, vem a calhar para explicar a marcha a ré que deu o governo presidido por Emmanuel Macrón na política econômica e social para tratar de conter os protestos dos chamados coletes amarelos, que, a cada sábado, desde 17 de novembro passado, estremecem várias cidades da França.

As manifestações começaram para rejeitar a subida de preço da gasolina – medida que já foi cancelada- e foram subindo de tom na medida em que foi endurecendo a repressão da polícia. Neste instante, estão reclamando a rebaixa do custo de vida, melhores condições de trabalho, atendimento digno aos aposentados e desempregados e a renúncia do chefe de Estado.

Após obstinado silêncio, qualificado como arrogante pela população, Macron, finalmente, falou aos franceses em um discurso de 13 minutos, durante os quais prometeu subir o salário mínimo em 100 euros mensais; eliminar recente imposto sobre as aposentadorias e pensões e pediu aos empresários – se puderem - dar uma gratificação aos trabalhadores pelas festas natalinas.

Prometeu, também, pagar as horas extraordinárias sem impostos nem outros descontos a partir do ano que vem.

Macron disse que compreendia a raiva das pessoas, mas não admitia os atos de violência ocorridos durante os protestos, especialmente nas cidades de Paris, Bordeaux e Toulouse.

Não disse nenhuma palavra do ataque policial e outros aparatos de segurança, que agiram com excesso de força, e também não se referiu aos mais de 1.500 detidos e centenas de feridos, a imensa maioria civis.

Para a maioria dos franceses, o gesto chegou tarde demais, além disso, insuficiente. Alguns representantes dos coletes amarelos ficaram desapontados com as ofertas e garantiram que os protestos vão continuar no próximo sábado.

A popularidade do presidente Macron está em queda livre, por volta de 20 por cento, menor do que a de seus predecessores François Hollande e Nicolás Sarkozy em igual período de funções, o que demonstra que precisa-se muito mais do que um gesto para que Paris valha a pena.

Nessas circunstâncias, Macron comparece muito fraco ao Conselho Europeu, na quinta e sexta, e são quase nulas suas possibilidades de ser uma figura líder no grupo comunitário, agora que a estrela de Ângela Merkel vai se apagando e quando o processo de separação do Reino Unido está num momento crucial.



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