Mudar o rosto do México

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-12-17 11:33:14

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Por Maria Josefina Arce

Dezessete dias depois de assumir a presidência do México Andrés Manuel López Obrador já deu passos seguros para mudar o rosto de seu país, onde, neste ano, se registrou o maior índice de violência das últimas décadas e a pobreza atinge mais de 43 por cento da população.

Entre suas primeiras medidas, assinou um decreto para a criação de uma Comissão da Verdade cuja missão é investigar o caso de sumiço dos 43 normalistas de Ayotzinapa, ocorrido há quatro anos e que continua enlutando a sociedade mexicana.

Agora, o presidente inaugura as obras do Trem Maia, uma de suas promessas eleitorais para saldar uma dívida com o empobrecido sudeste do país.

López Obrador compareceu a uma cerimônia para pedir licença à Mãe Terra e sua benção às obras. Sua presença foi interpretada como respeito aos costumes dos povos ancestrais e moradores do lugar por onde passará o trem.

A cerimônia, celebrada no estado de Chiapas, um dos mais pobres do México, contou com a presença de representantes das 12 etnias de origem maia que habitam a região da península de Iucatã, onde se encontram os destinos turísticos mais conhecidos e por onde cruzará o trem.

“É algo histórico em nossa terra, em nossa nação, com o senhor, presidente, que nos está levando em conta. Do povo indígena tinham esquecido todos”, afirmou Emilio Ramirez, secretário de Desenvolvimento dos Povos Indígenas.

De fato, as comunidades autóctones exibem o indicador mais elevado de pobreza, mais de 70 porcento. Como afirma o artigo publicado no jornal mexicano El Economista, no México nem todos os pobres são indígenas, porém praticamente todos os indígenas são pobres.

As maiores dificultadas enfrentadas pela população indígena são a falta de acesso à previdência social e aos serviços básicos de moradia. Conforme estudo feito em 2016, se estima que 77,6 por cento dos indígenas não gozam dos benefícios da previdência social e 56,3 por cento carecem dos serviços básicos para a vida: água e esgoto, luz, gás e comunicações.

As estatísticas revelam que 3 de 10 membros da comunidade indígenas estão atrasados nos estudos, não se podem sustentar e suas moradias são de baixa qualidade. E 2 de 10 não têm acesso a instituições de saúde.

Com a entrada em funcionamento do trem maia, que atravessará cinco estados, o novo governo mexicano quer incentivar o crescimento econômico nessas regiões, para elevar a qualidade de vida de seus moradores que hoje em dia padecem uma difícil situação.

As verbas destinadas pelas autoridades para a construção das obras montam em seis bilhões de pesos que o Congresso deverá aprovar antes do fim do ano.

Esta é uma obra de justiça, afirmou o presidente Andrés Manuel López Obrador, porque trará benefícios a uma região de grande riqueza história e cultural, mas abandonada à sua sorte pelos governos anteriores.



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