Coletes amarelos, uma explosão cidadã

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-12-20 07:22:48

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Por: Guillermo Alvarado

O último mês e meio de 2018 será recordado como um pesadelo pelo governo da França presidido por Emmanuel Macron por causa da revolta dos coletes amarelos que colocaram o presidente contra a parede e o obrigaram a dar marcha à ré em vários programas neoliberais.

Desde 17 de novembro passado, a cada sábado, as ruas de Paris e de outras cidades importantes do interior da França viraram campo de batalha entre manifestantes e as forças de segurança em jornadas sem precedentes na história recente da nação.

Embora sábado, 15 de dezembro, tenha sido o de menor intensidade, talvez devido às concessões feitas pelo governo, ou por causa da proximidade das festas natalinas, a expressão de raiva da população deixou importantes lições que todos devem analisar: governo, direita, esquerda e sindicatos.

Como disse o intelectual francês Hervé Kempf em declarações ao jornalista Eduardo Febbro, publicadas pelo jornal argentino Página 12, na revolta popular se manifestaram aqueles que durante muito tempo não contavam para os meios de comunicação.

Caminhoneiros, enfermeiras, desempregados, auxiliares de escritório, gente comum, sufocados todos pelas enormes desigualdades existentes num país rico, saíram às ruas para mostrarem seu descontentamento.

É um movimento sem líderes, que surgiu do poder de convocação das novas tecnologias de comunicação: as redes sociais.

A outra peculiaridade é que não ocuparam os lugares tradicionais de protesto social, como a Praça da Bastilha, a Nação ou da República; entraram nos bairros ricos, como a Avenida dos Campos Elísios, ou a luxuosa avenida Foch, centro do poder financeiro e comercial da França, e se espalharam por cidades como Marselha, Toulouse e Bordeaux.

Talvez isto explica, disse Kempf, a brutalidade do governo que jogou a polícia contra os manifestantes com todo o poder repressivo. Foram utilizadas milhares de granadas de gás lacrimogêneo, jatos d’água e cassetetes. A imensa maioria dos feridos são civis.

O jornal britânico The Daily Mail afirma que as autoridades francesas estavam estudando a possibilidade de utilizar arma química para afastar os manifestantes dos prédios importantes.

Segundo o jornal, se trata de um pó químico que seria espalhado por pistolas especiais a partir de veículos policiais e que em segundos cobriria vários hectares de terreno.

Se for verdade, mostraria quão desesperado está o executivo francês para acabar com a sublevação popular que pegou o governo de surpresa, um fenômeno que surge dos que não chegam ao fim do mês, ou dos que não têm dinheiro nem para começá-lo, mas veem como o dinheiro se acumula só num pequeno setor da sociedade.



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