Por Guillermo Alvarado
A maioria dos países da América Latina e o Caribe conquistaram sua independência das metrópoles europeias no século 19. Desde então, são nações soberanas, muitas às custas de prolongadas e sangrentas guerras que mataram seus melhores filhos e provocaram enormes sofrimentos a seus povos.
Isto não é um detalhe da história, são acontecimentos heroicos que delinearam uma nova paisagem no ordenamento social e político do mundo.
Infelizmente, muitos dos descendentes daqueles que afogaram em sangue este continente numa brutal conquista, feita à base da superioridade militar e a crença num direito divino que lhes dava licença para exterminar milhões de seres humanos considerados inferiores, ainda parecem portar em seus genes essas odiosas ideias e continuam se achando donos dos que já romperam seus grilhões.
Assim revela a arrogante posição da União Europeia com relação à Venezuela, a que se atreveram a dar um ultimato, como se ainda fosse uma província do reino espanhol.
Em uma declaração, os membros da UE instigados pelo presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, disseram: “Se não for anunciada a organização de novas eleições com as garantias necessárias nos próximos dias, a União Europeia adotará medidas adicionais, inclusive o reconhecimento do líder do país conforme o artigo 233 da Constituição venezuelana”.
Não só ignoram a historia, mas também não conhecem a legislação e o que está se passando na Pátria de Bolívar.
O mencionado artigo 233 da Constituição diz que no caso da falta absoluta do presidente do país por morte, incapacidade, renúncia ou destituição, corresponde ao presidente da Assembleia Nacional organizar eleições.
Nicolás Maduro, felizmente, goza de boa saúde, não se demitiu, nem foi afastado do cargo, para o qual foi eleito por 57 por cento dos eleitores em pleitos livres, transparentes e democráticos realizados em 2018.
Por sinal, nessas eleições houve muitos observadores europeus que deram fé da qualidade da organização e desenvolvimento do evento, o que os líderes do bloco continental não sabem ou omitem.
A União Europeia não tem nenhum direito de se intrometer nos assuntos domésticos dos países da América Latina e o Caribe. Pelo contrário, deveria pedir perdão aos nossos povos pelo genocídio cometido durante a conquista e a colônia, assim como pelo roubo de riquezas que financiaram o desenvolvimento de muitos de seus países, Espanha e França inclusive, que junto com a Alemanha estão à frente da agressão contra o governo do presidente Maduro.
Os princípios da Revolução Francesa que, certa feita, iluminaram o mundo, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, parece que foram esquecidos. Mas nós queremos recordar à União Europeia outro princípio, bem latino-americano, estabelecido pelo primeiro presidente indígena de nosso continente, o Benemérito das Américas, Benito Juarez, que sentenciou: o respeito ao direito alheio é a paz.