M.J. Arce
As recentes revelações no site The Intercept confirmam o que estava claro: a perseguição política da qual foi alvo o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva para impedir sua vitória nas eleições de outubro de 2018. Cabe recordar que as pesquisas de intenção de voto mostravam sua vantagem sobre os demais candidatos.
A figura chave da montagem do cenário de suposta corrupção na qual estaria envolvido Lula é o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, que participou das investigações no processo conhecido como Lava-jato e na época dizia que não tinha aspirações a ocupar cargos como o que detém agora no gabinete do polêmico presidente Jair Bolsonaro.
As dúvidas pairam agora sobre a Lava-jato depois da publicação nesse site digital de uma série de matérias que revelam a troca de mensagens sobre Lula entre o então juiz Moro e o promotor da operação, Deltan Dallagnol. Pelo que foi revelado, se vê que o magistrado orientou, alertou e incentivou Dallagnol ao longo do processo contra o ex-mandatário, amplo favorito para voltar à Presidência nas eleições do ano passado.
O conteúdo das revelações deixa claro que se mentiu ante o Supremo Tribunal e se atribuiu falsamente a Lula a propriedade de um apartamento triplex no litoral de São Paulo, supostamente recebido de uma construtora em troca de ganhar licitações para contratos com a estatal Petrobrás.
Também se tornaram públicas as motivações políticas que guiaram as ações da Lava-jato e a maneira em que o juiz Moro instruiu o promotor sugerindo modificações nas fases da operação, fornecendo pistas e fontes para a investigação e violando o princípio de imparcialidade de um magistrado.
Essas arbitrariedades levaram à prisão do ex-mandatário que, desde abril de 2018, cumpre pena por presumível corrupção. Ele foi condenado em primeira instância a 12 anos de cadeia, ditame reduzido posteriormente a quase nove anos .
Nesse contexto, a defesa de Lula lembrou que num comunicado apresentado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU em julho de 2016 demonstrou-se que na Lava-jato houve uma atuação combinada entre o juiz e os promotores com propósito pré-estabelecido e uma clara motivação política de processar, condenar e retirar a liberdade de Lula.
Aponta que ninguém pode colocar em dúvida o fato de que os processos contra o ex-presidente brasileiro estão corrompidos pelas mais graves violações das garantias fundamentais e pela negativa de direitos. Sua volta à liberdade é urgente, bem como o reconhecimento de que não praticou crime algum.
Naturalmente, as reportagens do site The Intercept foram rechaçadas pelos envolvidos no conluio. Eles dizem que as mensagens foram tiradas do contexto e obtidas de forma ilícita.
Porém, fica evidente a existência de uma cruzada da direita contra o ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva, alvo de perseguição política para evitar sua vitória eleitoral e sua volta ao poder. Ele era o favorito dos eleitores pelos resultados de seus dois mandatos anteriores, durante os quais milhões de brasileiros saíram da miséria.