G. Alvarado
A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, anunciou a abertura de um processo de impeachment contra o chefe da Casa Branca, Donald Trump, por ter violado presumivelmente a Constituição do país e lesado a segurança nacional.
A acusação se refere a uma ligação telefônica de Trump a seu colega da Ucrânia, Volodimir Zelensky, em julho passado. O presidente norte-americano pressionou Zelensky para que investigasse o presidenciável pelo partido Democrata Joe Biden e seu filho Hunter por corrupção.
Hunter era um alto executivo da empresa de gás Burisma, com sede na Ucrânia, investigada por supostos maus manejos. Mas, em 2016, o então presidente Petro Poroshenko demitiu o procurador-geral Victor Shokin e mandou parar o processo.
Isto teria ocorrido a pedido de Biden, que era, naquele tempo, vice-presidente de Barack Obama.
Trump pressionou Zelensky para que reabrisse o processo no intuito de arruinar as possibilidades de Joe Biden tornar-se candidato democrata para os pleitos presidenciais de 2020. Assim, tiraria do meio um rival importante em sua aposta na reeleição.
Primeiro se comentou que Trump teria pressionado o mandatário ucraniano com a ameaça de cortar a ajudar militar a esse país.
Após a divulgação do conteúdo da ligação, não se encontraram provas da chantagem, mas sim da exigência de reabrir as investigações contra Biden e seu filho. Propuseram a Zelinsky até uma reunião com o advogado pessoal de Trump, Rudolph Giulani, e com o Procurador-Geral dos EUA, William Barr, que “colaborariam” com o processo.
Pelosi garantiu que a publicação da ligação da Casa Branca confirma que o comportamento do presidente abala a integridade do processo eleitoral, a dignidade do cargo que ocupa e a segurança nacional.
Todavia, é pouco provável que o impeachment tenha futuro. Por quê? Simplesmente porque o partido Democrata embora domine a Câmara de Representantes - onde se necessita maioria simples para a aprovação – quem toma a verdadeira decisão é o Senado, onde mandam os republicanos.
Na história dos EUA apenas dois presidentes tiveram de enfrentar um processo de impeachment: Andrew Johnson, em 1868, e William Clinton, em 1999. Nenhum deles foi afastado do cargo.
Contra Richard Nixon se pôde aplicar, mas ele se demitiu antes do impeachment.
A probabilidade de que frutifique contra Trump irá diminuindo em proporção direta com a proximidade das eleições de 2020. Finalmente, tudo se reduziria a mais da antiga fórmula romana de oferecer pão e circo para a distração do povo.