Por: Guillermo Alvarado
Poucos dias antes de começar em Davos, Suíça, o fórum anual dos governos e magnatas mais ricos do mundo, a organização não governamental OXFAM publicou um documento em que demonstra que as desigualdades econômicas estão fora de controle.
Esta realidade se reafirma ao passar dos anos: os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, o que não é casualidade, nem fruto do destino, ou opção pessoal. É o resultado de um sistema desenhado para o benefício de um punhado de gente e a infelicidade da maioria.
Em Davos, os multimilionários se reúnem todos os anos, em janeiro, com a intenção de garantir que o mundo continue sendo perfeitamente imperfeito.
Desta feita poderão constatar que 2.153 deles possuem uma fortuna equivalente ao que ganha 60% da população total do planeta, ou seja, 4,6 bilhões de pessoas. Mas isso não é tudo.
O relatório da OXFAM também detalha neste ano o aspecto sexista das desigualdades, e o faz com uma inquietante comparação: os 22 homens mais ricos possuem mais riquezas que todas as mulheres juntas na África.
Os governos, naturalmente, não fazem absolutamente nada para remediar esta escandalosa situação. Paul O’Brien, vice-presidente de Política e Defesa da OXFAM, explica o motivo.
Enquanto o multimilionário presidente dos EUA Donald Trump troca ideias com seus parceiros em Davos, seu governo se empenha em reduzir a ajuda em alimentação a um milhão de pobres norte-americanos e, ao mesmo tempo, amplia os privilégios fiscais para as grandes empresas e fortunas.
A pesquisa focaliza um assunto espinhoso: as tarefas domésticas, cuidado de idosos e doentes no lar e outros trabalhos que não costumam ser remunerados e quase sempre correm por conta das mulheres e meninas.
São 12 bilhões e 500 milhões de horas que se utilizam em nível mundial nestas atividades, que não se pagam e impedem as que a realizam de estudar, se formar e obter empregos de qualidade.
Até o FMI - Fundo Monetário Internacional aconselhou os governos a aplicarem impostos mais elevados aos ricos, como alternativa para diminuir as desigualdades.
Sem dúvida, é uma missão difícil neste mundo virado ao avesso. Como dissera Eduardo Galeano: “A economia mundial é a expressão mais eficiente do crime organizado”.