A armadilha do século

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-01-31 11:35:19

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Por Guillermo Alvarado

O plano do presidente Donald Trump para o estabelecimento da paz no Oriente Médio foi apresentado com grande estrondo na Casa Branca. É um documento repleto de armadilhas que busca legalizar a usurpação de Israel sobre boa parte do território palestino e torna inviável a proposta da ONU que consiste em dois Estados vizinhos e soberanos.

O projeto é totalmente favorável a Israel, tanto assim que no ato de solenidade em que foi lançado estava presente, além de Trump, o primeiro-ministro sionista, Benjamin Netanyahu. Nenhuma autoridade palestina foi convidada.

O chamado “plano de século” deveria chamar-se a fraude do século. Foi elaborado durante quase três anos pelo genro do presidente norte-americano, Jared Kushner, cuja família é amiga íntima de Netanyahu.

Em poucas palavras, o documento recomenda reconhecer a lei e a soberania de Israel sobre os territórios palestinos ocupados na Cisjordânia, o vale do Jordão inclusive, que é justamente a área mais fértil dessa região.

Além disso, entrega a Tel Avive o controle total da segurança terrestre, marítima e aérea de toda a zona, Cisjordânia e Faixa de Gaza inclusive, e declara a cidade de Jerusalém como capital indivisível de Israel.

Não em vão, o primeiro-ministro israelense declarou apressadamente que o “acordo do século é, também, a oportunidade do século”, e afirmou que seu país fará tudo para que se cumpra escrupulosamente

A Palestina julga que tudo isso é uma piada cruel que acaba com todas as suas aspirações e, de quebra, com os acordos e resoluções aprovadas na ONU e no Conselho de Segurança.

Exigem concessões praticamente impossíveis para a criação do Estado palestino, como reconhecer Jerusalém como capital única de Israel, descartar o desmantelamento das colônias judaicas construídas ilegalmente em território da Cisjordânia, renunciar ao exercício da defesa própria de sua segurança e soberania e à volta de centenas de milhares de palestinos refugiados em outros países.

Cisjordânia e a Faixa de Gaza seriam todo o território reconhecido a um eventual Estado Palestino, mas separados entre si e apenas ligados por uma rede de pontes, subterrâneos e uma linha férrea.

O plano prevê um fundo de 50 bilhões de dólares em investimentos, que não será controlado pelos palestinos e sim por consórcios norte-americanos e israelenses.

Oferecem, também, alguns distritos de Jerusalém Oriental, mas não se sabe ao certo como será feito isso, porque o documento declara a chamada Cidade Santa como indivisível capital de Israel.

O governo e todas as organizações palestinas rejeitaram categoricamente o plano de Trump, um texto que nasceu morto e dificilmente contará com o apoio da comunidade internacional, porque é fantasioso, irrealizável e totalmente pró-israelense. Ao invés de ser um plano de paz, é quase, quase, uma chamada a endurecer a guerra e acelerar a morte da causa de um dos povos mais martirizados do mundo.


 



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