Colômbia: a outra epidemia

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-03-31 09:06:19

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Por Guillermo Alvarado

Colômbia, com uns 500 casos confirmados de COVID-19, é um dos países mais castigados em nossa região por esta pandemia que obrigou a parar boa parte dessa nação, exceto a violência contra líderes comunitários e defensores dos direitos humanos.

A quarentena declarada pelo governo de Ivan Duque para conter a propagação do vírus não tem efeito contra outra epidemia que sangra essa sociedade e provoca inúmeros mortos.

Nos últimos dias, vários dirigentes sociais foram assassinados a tiros por grupos irregulares a serviço de forças obscuras. Um dos casos mais comentados é a morte de Carlota Isabel Salinas, executada a sangue frio no município de Bolívar, no norte colombiano.

A moça era uma destacada ativista na defesa dos direitos das mulheres durante o conflito armado interno. Nestes dias de quarentena, ajudava a entregar alimentos a famílias pobres.

Homens armados invadiram a casa de Carlota, tiraram a moça de lá, obrigaram a caminhar alguns metros e a abateram a tiros. Seu marido está sumido e se teme por sua vida.

Pouco antes, os irmãos Omar e Ernesto Guasiruma Nacabera, dirigentes da comunidade indígena embera, tinham sido assassinados a tiros e outros dois membros da família resultaram feridos.

Em circunstâncias parecidas morreu, a 19 de março, Marco Rivadeneira, líder camponês em Puerto Asis, Putumayo.

Os criminosos, que contam com a indulgência das autoridades, não descansam nem sequer em tempos de pandemia.

Chama a atenção que os mais recentes ataques foram cometidos quando as vítimas guardavam junto com a família a quarentena indicada pelo governo, um perigoso indício de que a crise sanitária poderia ser aproveitada pela extrema direita para realizar uma “limpeza social” enquanto o país está voltado para outra coisa.

Este ano já correu muito sangue: em menos de três meses morreram em circunstâncias violentas uns 50 ativistas e defensores dos direitos humanos dos povos indígenas e camponeses, que se adicionam aos mais de 800 mortos desde a assinatura dos acordos de paz em 2016.

Inúteis têm sido as chamadas da ONU e de outros organismos para frear a violência, uma epidemia nunca atendida pelo governo que provoca o mesmo, ou mais, sofrimento e morte que um vírus.   



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