Por Guillermo Alvarado
O aumento fora de controle da Covid-19 no Brasil e a indiferença de suas autoridades ante a situação assustam seus vizinhos, em primeiro lugar aqueles que dividem fronteira com essa nação.
Todos sabem que o presidente Jair Bolsonaro faz ouvidos moucos às recomendações das organizações internacionais de saúde e até das de seus aliados, especialmente às ligadas com o isolamento social para cortar os contágios.
Chegou ao ponto de demitir seu ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta por discordar da maneira de enfrentar a crise sanitária aconselhada pelo ministro. Em verdade, Bolsonaro não quer saber de nenhum tipo de enfrentamento e não perde ocasião de debochar se alguém comenta o tema.
Sua insensibilidade não tem limite. Em dias recentes, ao ser perguntado sobre o elevado número de mortos no Brasil, foi categórico: “E daí, eu sou Messias, mas não faço milagres. A vida é assim”.
Este comportamento é a principal causa de que a Covid-19 se propague do jeito que vem se propagando, a tal ponto que o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, avisou que o número de mortos poderá atingir mil por dia.
Os vizinhos do Brasil estão assustados, até seu principal parceiro, o governo dos Estados Unidos, tem seus receios.
Bolsonaro não fechou as fronteiras e mantém alguns voos comerciais aos EUA. O governador republicano da Flórida, Ron De Santis, pediu às autoridades federais que façam alguma coisa para deter o fluxo de viajantes que desembarcam nesse estado, onde há uma grande comunidade brasileira.
No Uruguai, o presidente Luis Lacalle Pou, afim ao chefe de Estado brasileiro em vários assuntos, disse que a expansão do vírus no Brasil, com o qual tem fronteira, é um sinal alarmante. Muitos trabalhadores atravessam a fronteira e vários deles estão contagiados, o que significa uma ameaça.
Alberto Fernández, presidente da Argentina, disse estar preocupado com o está acontecendo, especialmente nas províncias de Missões e Corrientes, que são a porta de entrada de muitos transportes que vão de São Paulo, onde a epidemia registra números elevadíssimos.
O epidemiologista colombiano Julián Fernández Niño, da Universidade Nacional, disse que no Brasil há um grande desenvolvimento tecnológico, mas a atitude do governo com relação a como enfrentar o perigo é anticientífica.
Em um mundo interligado nação alguma pode virar as costas ao resto, os erros que se cometem numa delas vão repercutir nas outras. É uma lição elementar que Bolsonaro se recusa a admitir.