Por Guillermo Alvarado
O terceiro ministro da Saúde que ocupa esse posto desde que começou no Brasil a pandemia da Covid-19, o general Eduardo Pazuello, informou na quarta-feira de 375 mil casos confirmados e 23.500 mortos no país.
É a pior crise sanitária no Brasil e ainda não chegaram os dias mais difíceis.
Boa parte da responsabilidade sobre esta tragédia é do governo de Jair Bolsonaro que não quis declarar o isolamento social e o uso obrigatório de medidas de proteção.
Para o presidente, a economia é mais importante do que a saúde, um conceito que está custando muito caro às pessoas. Agora, diante da evidente magnitude do problema, Bolsonaro joga a culpa em qualquer um menos ele.
O Brasil está vivendo horas tristes, mas virão outras ainda mais amargas à medida que a Covid-19 se espalhe pelos estados mais pobres do país, como Maranhão. Pernambuco, Paraíba e Ceará, no nordeste, onde vivem quase 50 milhões de pessoas.
No Maranhão, o secretário da Saúde do estado, Carlos Lula, disse que muita gente não tem água nem sabão para lavar as mãos, ou seja, para cumprir as normas elementares de higiene contra a Covid-19. Lá, só tem 388 leitos nas unidades de terapia intensiva e quase todos na capital, São Luis.
Flávio Dino, o governador eleito pelo Partido Comunista do Brasil e um dos maiores críticos do governo de Bolsonaro, disse que o presidente é o principal obstáculo para que o país possa retornar à normalidade.
A situação é tão ruim que até Donald Trump - venerado pelo presidente brasileiro – decidiu proibir a entrada nos EUA de pessoas que viajem do Brasil, para evitar assim que desembarquem por lá contagiados com a Covid-19.
Sem dúvida, foi um golpe duro para Bolsonaro, cujo governo se fragiliza devido à péssima gestão da crise sanitária. A mais recente saída do gabinete foi a do Secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, principal encarregado do combate à pandemia.
Sem dúvida, são horas tristes, como o Soneto de Separação do poeta Vinicius de Moraes, que parece premonição:
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente