Por Guillermo Alvarado
A Defensoria do Povo informou do assassinato de oito agricultores no departamento de Norte de Santander, Colômbia. Esse crime é um dos muitos cometidos no país sul-americano onde a assinatura da paz não trouxe consigo o fim da violência e a morte.
Só neste ano, perderam a vida 152 pessoas entre líderes comunitários, defensores do meio ambiente e dos direitos humanos e ex-combatentes das extintas Farc – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo.
Desde que foi assinado em novembro de 2016 isso que alguns chamam paz, 971 dirigentes populares e 218 ex-guerrilheiros foram assassinados, o que mostra às claras que não se trata de ações avulsas e sim um programa de extermínio cuidadosamente planejado e executado.
O clima de hostilidade contra os movimentos sociais e os ex-guerrilheiros das Farc piorou quando Ivan Duque ocupou a presidência. Ele é afilhado político de Álvaro Uribe, assinalado como entusiástico organizador de esquadrões da morte.
Até agora, as autoridades colombianas se desentenderam da chacina e a maioria dos culpados vive tranquilamente, impune.
Tais crimes ocorreram em 29 dos 32 departamentos em que se divide a Colômbia, porém a maioria se concentra em 125 municípios que se caracterizam quase todos por elevados níveis de pobreza e exclusão, bem assim a presença de grupos armados irregulares e quadrilhas de traficantes de drogas.
Os lugares mais críticos são Cauca, Antioquia e Nariño, segundo relatório elaborado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz - conhecido pelas siglas INDEPAZ -. O documento pretende chamar a atenção de legisladores e setores da opinião pública colombiana sobre este problema.
A pandemia da Covid-19 e as medidas implementadas para cortar a cadeia de contágios em lugar de refrear esses crimes acabaram subindo o número.
Uma pesquisa feita por INDEPAZ mostra que desde 6 de março, data em que se divulgou o primeiro caso confirmado da Covid-19 na Colômbia, morreram de maneira violenta 95 líderes comunitários, dos quais 82 foram assassinados depois do dia 23 daquele mês, quando se estabeleceu o confinamento.
Diferentes entidades das Nações Unidas manifestaram preocupação com esta cadeia interminável de mortes, o que não parece incomodar o presidente Duque, que prefere virar as armas contra a vizinha Venezuela, acusando-a cinicamente de violar os direitos humanos.