Por Guillermo Alvarado
Valendo-se da crítica situação que vive a Argentina por causa da pandemia da Covid-19, as forças da direita atacam o governo que preside Alberto Fernández e seus principais aliados.
Diferentes grupos ligados ao ex-presidente Maurício Macri e os conservadores mais radicais vêm tentando por todos os meios desprestigiar a gestão do governo no combate à doença e convocaram a protestos contra as medidas de isolamento aplicadas para evitar a propagação dos contágios.
Em nome de uma suposta “liberdade individual”, os manifestantes queimaram máscaras publicamente para exprimir sua rejeição a seu uso obrigatório.
Aliás, uma das participantes do protesto, a ex-ministra de Segurança durante o governo de Macri, Patrícia Bullrich, acabou pegando a doença.
Em verdade, estamos falando numa campanha contra Fernández na que se insere, também, uma polêmica declaração do antigo presidente Eduardo Duhalde, que vaticinou um golpe de Estado na Argentina e foi vaiado pela população.
A manobra mais recente e talvez a mais perigosa é a sublevação de um setor da polícia da província de Buenos Aires sob o pretexto de obter melhores salários e equipamentos.
O governador dessa província Axel Kicillof anunciou na quarta-feira subida de salários, porém o movimento não só continuou, mas também se espalhou por outras cidades, a capital do país inclusive.
A jornalista argentina Stella Calloni assinalou em artigo publicado pelo jornal mexicano La Jornada: “todos sabem que policiais da província de Buenos Aires e outros do interior são investigados por causa do aumento dos maus-tratos e torturas”.
Igualmente se indagam – disse – supostos suicídios nas delegacias e casos de sumiço e morte de jovens, como Facundo Astudillo Castro, cujo corpo sem vida foi achado 100 dias depois de ter sido sequestrado, e crescem as evidências de que a polícia de Buenos Aires está ligada ao caso.
Também não se pode perder de vista a posição do alto mando do exército que reivindica sua participação da chamada Operação Independência, que provocou inúmeras vítimas civis ao longo de 1975, no noroeste do país.
Sem dúvida, há em andamento um complô direitista contra um governo que tenta manter a crise sanitária sob controle e, ao mesmo tempo, está resolvendo os graves problemas herdados do governo anterior.