Por Maria Josefina Arce
O Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado faz pouco mais de um mês, foi instituído em 1994 para criar consciência sobre a vulnerabilidade dessas comunidades.
Infelizmente, as coisas não mudaram quase nada desde então. Os povos autóctones continuam sendo discriminados e invisíveis, uma realidade confirmada pela atual emergência sanitária mundial pela Covid-19.
Em maio passado, o número de contagiados na região da Amazônia era de 20 mil e havia 163 comunidades afetadas.
Porém, a pandemia continua devastando ante a indiferença da maioria dos governos. Hoje, o número de doentes beira os 56 mil.
O mais recente informe da Coordenadora das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica em parceria com a Rede Eclesial Pan-Amazônica revela que em consequência da Covid-19 morreram perto de dois mil indígenas e 232 comunidades estão afetadas pela doença, a maioria no Brasil, Bolívia e Peru. Nesses países, a situação sanitária é crítica.
Os que vivem na Amazônia sabem que correm risco de vida. Até agora, as autoridades dos países onde vivem pouco ou nada fizeram para reverter a situação.
As ações preventivas não são aplicadas, as famílias não recebem alimentos, não existem canais de comunicação entre os centros de saúde para monitorar os possíveis doentes e muito menos se emitem mensagens informativas em línguas indígenas.
A esses grupos não se garante acesso aos serviços médicos, medicamentos e água tratada. Ao mesmo tempo, estão expostos a outras doenças como a dengue, o que aumenta o risco de sua vulnerabilidade.
Os indígenas também lutam contra os estragos causados pelo ser humano ao meio ambiente, seus recursos e lugares sagrados.
Como afirmara a instituição cultural Casa de las Américas, estes conflitos colocam os povos originários diante de uma situação parecida com a vivida pelos seus ancestrais nos tempos da colonização.