Inocente Orlando Montero, exalto cargo salvadoreño del gobierno de Alfredo Cristiani.
Por Guillermo Alvarado
A Audiência Nacional da Espanha ditou severa sentença contra o coronel e antigo vice-ministro de Segurança Pública de El Salvador, Orlando Montano, pelo assassinato de cinco jesuítas em 1989, entre eles o conhecido teólogo e analista Ignacio Ellacuria.
O crime foi cometido nas áreas da Universidade Centro-Americana “José Simeón Cañas” cujo diretor era Ellacuria.
A sentença chega 31 anos depois e se considera histórica, porém insuficiente por várias razões, a primeira porque o número de vítimas, em total, era oito, e não cinco.
Orlando Montano foi preso nos Estados Unidos a pedido da justiça espanhola, porém as autoridades locais só autorizaram a extradição com a condição de que fosse julgado pela morte dos cinco espanhóis.
Quer dizer que os assassinatos do jesuíta salvadorenho Joaquin López y López, da cozinheira da universidade, Julia Elba Ramos e de sua filha de 15 anos, Celina Mariceth Ramos, permanecem impunes.
Como se não bastasse, continuam livres os mandantes da chacina, isto é, a cúpula militar no poder, naquele tempo.
Os jesuítas foram assassinados porque as forças armadas achavam que eram perigosos, porque denunciavam os massacres e a violência desnecessária praticada contra a população civil.
Além disso, pediam a reestruturação do exército e um diálogo de paz com a guerrilheira Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional de El Salvador.
Ao tomar conhecimento da sentença de 130 anos de cadeia para Montano, a Universidade Centro-Americana divulgou em comunicado sua confiança em que esse julgamento persuada levar aos tribunais em El Salvador todos os envolvidos nesse crime, tanto os mandantes, quanto os que executaram a ordem.
Enquanto a Força Armada não peça perdão como instituição pelos graves crimes cometidos no passado, e não coopere com a justiça abrindo seus arquivos, será difícil considerá-la uma instituição democrática, que respeita os direitos humanos, afirma o texto.
Os restos mortais dos Mártires da Universidade Centro-Americana repousam numa capela e comove constatar o respeito, a admiração e o afeto que inspiram não só entre a comunidade docente, mas em todos que visitem esse lugar.
O lugar mostra até onde podem chegar o ódio, o medo e a cegueira dos que usam o poder para conservar seus privilégios e defendem as riquezas de oligarquias vorazes que desprezam a vida e os direitos dos outros.