Por Maria Josefina Arce
A sociedade colombiana, desiludida, não cessa de exigir o fim da violência; evaporou a esperança que tinha nascido com a assinatura do acordo de paz em 2016 entre o governo do ex--presidente Juan Manuel Santos e a então guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo, conhecidas como Farc.
Nem a Covid-19 conseguiu que os colombianos desistissem de manifestar nas ruas seu repúdio ao comportamento do governo do presidente Ivan Duque diante dos atos violentos que conturbam o país sul-americano todos os dias.
Organizações sociais, sindicais e indígenas, e a sociedade toda insistem em denunciar a falta de ação das autoridades.
Neste ano ocorreram, na Colômbia, perto de 70 chacinas. Líderes sociais, defensores dos direitos humanos, indígenas, ex-guerrilheiros e jovens foram assassinados por grupos paramilitares e bandidos que rivalizam pela posse de territórios.
Diante da situação, o presidente permanece indiferente. Simplesmente ignorou os milhares de indígenas que chegaram a Bogotá no domingo, 18 de outubro, após terem percorrido 597 quilômetros para exigir que o governo cumpra o acordo de paz e cesse a violência.
Desde 2016, foram assassinados mais de 300 líderes indígenas. Essa comunidade foi privada de suas terras e seu índice de pobreza é de 63 por cento, três vezes maior que a média nacional.
Duque fez ouvidos moucos ao pedido dos indígenas que queriam se reunir com ele. Aliás, o mutirão – como se conhece o protesto indígena na Colômbia – aderiu à greve nacional do último dia 21.
O movimento paredista - que teve lugar nas principais cidades do país -deixou claro o repúdio às chacinas e assassinatos cometidos em território colombiano nos últimos meses.
Agora, avança rumo à capital, a Romaria na Defesa da Vida e a Paz, que congrega ex-membros da antiga guerrilha, que têm sido alvos de brutal e sistemático extermínio.
Perto de 240 ex-guerrilheiros foram assassinados desde a assinatura dos acordos de paz, 154 sob o governo de Ivan Duque.
Os ex-guerrilheiros depuseram as armas e querem se incorporar na sociedade, porém não contam com as garantias de segurança, nem oportunidades, porquanto as autoridades não cumpriram o que tinha sido acertado.
O governo de Duque espezinhou a paz e não respeita o direito à vida. Até hoje não quis escutar os colombianos que pedem insistentemente a implementação do acordo assinado em 2016 e a cessação da violência.