Por Maria Josefina Arce
A Covid-19 obrigou as pessoas a ficarem em casa para evitar o contágio e a propagação da doença causada pelo novo coronavírus, que já atingiu mais de 85 milhões de pessoas no planeta.
As autoridades sanitárias mundiais recomendam ficar em casa para salvaguardar a vida, porém, em algumas nações como o Brasil muitos não puderam seguir o conselho, especialmente os segmentos populacionais mais vulneráveis que sentiram com maior força a crise econômica provocada pela doença.
Por incrível que pareça, no meio da pandemia, muitas famílias foram expulsas de suas casas e ficaram literalmente no olho da rua, expostas ao vírus letal.
Organizações sociais revelam que mais de seis mil famílias foram obrigadas a abandonar seus lares porque não puderam pagar o aluguel, ficaram sem dinheiro por causa do desemprego.
A situação se torna mais grave porquanto não existe uma política pública para resolver estes casos. Em junho passado, o presidente Jair Bolsonaro tinha vetado projeto de lei que pretendia suspender os despejos por falta de pagamento do aluguel.
O resultado é que se multiplicaram as favelas, onde vivem milhões de brasileiros.
Nesses assentamentos irregulares, onde se localizam mais de cinco milhões de casas, o contágio e a propagação da Covid-19 adquirem maior velocidade devido à alta densidade populacional e os recursos higiênicos deficientes.
O relator da ONU sobre o direito a uma moradia apropriada Balakrishnan Rajagopal se pronunciou sobre esse panorama no Brasil e afirmou que viola os direitos humanos.
As perspectivas são desalentadoras. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia, neste ano mais de 17 milhões de pessoas serão empurradas à pobreza por causa do fim da ajuda de emergência.
Sobre muitos, portanto, continuará pairando a ameaça de perder seus lares e somar-se aos milhões de brasileiros que vivem nas favelas, onde o risco de contrair a Covid-19 é elevado.