Por: Guillermo Alvarado
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recebeu críticas e elogios ao ser encarregado de formar o novo governo após as eleições de março passado, quase ao mesmo tempo do início de seu julgamento por três delitos de corrupção e abuso de poder.
Como se sabe, o país está mergulhado em profunda crise política que obrigou a realizar quatro eleições parlamentares nos últimos dois anos, sem que saísse um executivo suficientemente forte para se manter no poder.
Nada indica que os pleitos de 23 de março tenham um resultado diferente, porquanto nenhum dos partidos que participaram conseguiu votos suficientes para governar sozinho.
Likud, o partido de Netanyahu, obteve 30 das 120 cadeiras do Parlamento e com seus aliados tradicionais alcança 52 deputados, longe da maioria de 61 que lhe permitiria garantir o cargo.
Não obstante, o presidente israelense Reuven Rivlin, incumbiu-o de formar novo gabinete, que só vai conseguir por meio de árduas negociações com políticos rivais, e estes com certeza vão pedir em troca um quinhão de poder para seus partidos.
Isto ocorre justamente quando começa o julgamento no tribunal, onde acusam Netanyahu de corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos que congregam nas ruas inúmeros grupos que exigem sua demissão.
É fora do comum e paradoxal que um político seja incumbido de formar governo e, ao mesmo tempo, esteja no banco dos réus por faltas graves.
A procuradora-geral Liat Ben-Ari deixou claras as regras do processo ao asseverar: todos são iguais perante a lei e todas as pessoas são iguais perante o tribunal e os juízes; os grandes e os pequenos, os ricos e os pobres, os que têm mais e menos poder.
A juíza afirmou que Netanyahu abusou do poder que lhe conferiram quando, entre outras coisas, exigiu e obteve benefícios dos principais meios de comunicação para promover seus interesses pessoais.
A acusação mais grave, conhecida como “Caso quatro mil” o assinala de prestar favores ao gigante da telefonia israelense Bezek em troca de cobertura jornalística positiva da agência Walla, ambas propriedades do empresário Shaul Elovitch.
Ainda não se sabe se o polêmico presidente continuará dirigindo o país, ou será preso pelos delitos que cometeu, de qualquer maneira é uma lição interessante de como se faz política e se maneja isso que chamam democracia em alguns lugares.