Los candidatos independientes y la izquierda lograron una inobjetable victoria.
Guillermo Alvarado
A longa jornada de eleições no Chile, no fim da semana passada, chamada “mega eleições”, porque foram quatro eleições em uma, terminou trazendo agradável surpresa: os candidatos independentes e a esquerda obtiveram categórica vitória.
As autoridades anunciaram que a Convenção Constituinte - que vai redigir a nova Carta Magna do Chile - será composta por 237 representantes dos partidos governistas, 53 da oposição e 65 independentes.
O grupo “Vamos por Chile” do presidente Sebastián Piñera e das forças mais conservadoras daquela nação sofreu derrota estrepitosa, situou-se bem longe dos 52 constituintes indispensáveis para barrar ou impor artigos na Constituição.
Assim, as forças “Aprovo” e “Aprovo Dignidade”, às que pertencem, entre outros, o Partido Comunista e a Frente Ampla, terão boa parte da responsabilidade na elaboração da Constituição, que vai substituir a criada durante a ditadura de Augusto Pinochet.
O pacto Lista do Povo, formado por grupos surgidos dos protestos sociais iniciados em outubro de 2019, será o de mais peso.
O mencionado pacto é composto por organizações não ligadas aos partidos políticos tradicionais, tiveram muito destaque nos eventos que culminaram com a convocação a um referendo constitucional.
Com 65 cadeiras, essas organizações possuem mais de dois terços do total de 155 membros, o mínimo requsitado para aprovar uma lei no texto.
Devem ser debatidos assuntos de muita importância, como o futuro regime político, o sistema de governo, a descentralização regional, a plurinacionalidade, que implica o reconhecimento dos povos indígenas que são ignorados na Constituição atual, e temas vitais de política exterior.
Surge assim a possibilidade de deixar no passado a ditadura militar, o neoliberalismo aplicado pela mal chamada democracia que substituiu Pinochet, assim como redefinir o papel do exército e a polícia militar (os carabineiros) em uma nova nação.
As boas novas não terminam aqui, porquanto na eleição dos 16 governadores regionais, três já se definiram em favor da esquerda, que também espera resultados favoráveis no segundo turno do resto.
Quanto às prefeituras, já foram eleitos os prefeitos de cidades tão importantes como Santiago do Chile, Viña del Mar e Maipú e todos são da Frente Ampla. Sem dúvida, uma surpresa muito agradável, que alivia tantas feridas abertas ao longo dos últimos anos, no Chile.