Maria Josefina Arce
O começo da semana foi adverso para América Latina e o Caribe. Mais de três milhões de pessoas morreram de Covid-19 no mundo desde que apareceu a pandemia. E dos três milhões, um milhão pertence à nossa região.
A diretora da OPS - Organização Pan-Americana da Saúde - Carissa Etienne afirmou que a situação é preocupante, porquanto o número de contagiados está subindo em algumas nações, e as campanhas de vacinação são bastante lentas.
Segundo as informações, América Latina e o Caribe detêm a mais alta taxa de óbitos per capita. E maio é um dos meses mais complicados neste ano quanto à propagação da doença.
Trinta por cento do total de mortos no mundo ocorreram nesta porção do planeta, onde vivem apenas 8,4 por cento da população mundial.
Países como Brasil, Colômbia, México, Argentina e Peru reúnem 89 por cento dos mortos pela Covid-19. Aliás, a doença está provocando o colapso dos sistemas sanitários da região cuja precariedade salta à vista em muitos casos.
Ao longo de décadas foram mínimos ou nulos os investimentos feitos na Saúde Pública por causa do modelo neoliberal aplicado em boa parte das nações latino-americanas que levou a privatizar esse serviço, de tal modo que ficou fora do alcance de muitos, especialmente dos mais humildes.
Em outros países, a chegada da direita ao poder, após anos de bem-sucedidos governos progressistas, deitou abaixo o que se tinha conquistado na área de saúde, não só no que diz respeito a melhores índices sanitários, mas também maior cobertura nos lugares mais afastados.
O resultado, portanto, acabou sendo hospitais colapsados, pessoas mortas nas ruas e nos corredores dos hospitais por falta de leitos e de equipamento necessário para enfrentar uma doença muito contagiosa e letal.
A isso devemos somar a resposta ineficaz dada por alguns governos à pandemia. Por exemplo, o Brasil, onde se vive tristes dias nos últimos meses. Na memória permanecerão os pedidos de auxílio que circularam nas redes sociais em busca de oxigênio para Manaus, onde muitos morreram sufocados porque não havia para fornecê-los aos doentes.
A pandemia também mostrou a necessidade de investir na indústria farmacêutica a fim de ampliar a capacidade da região na produção de insumos médicos estratégicos e enfrentar esta emergência sanitária mundial e outras que hão de aparecer.
Desmascarou, também, as desigualdades existentes no acesso às vacinas e a importância vital da cooperação e solidariedade. As nações mais ricas monopolizaram os imunizantes em detrimento das menos desenvolvidas.
Os países ricos ficaram com vacinas suficientes para imunizar mais do que o dobro de sua população adulta. Já os mais pobres mal contam com doses para cobrir um terço de sua população.
América Latina e o Caribe são, hoje em dia, as regiões mais afetadas no mundo pela Covid-19 devido a vários fatores, desde a pobreza até a falta de resposta efetiva de vários governos.