Nos últimos dois anos, a Covid-19 pôs o mundo em suspense. Fez com que colapsassem os sistemas sanitários, paralisassem as atividades econômicas e aumentassem as desigualdades existentes. Agora, a extremamente contagiosa variante ômicron, que apareceu no final de novembro passado, na África do Sul, cria novas dúvidas quanto à recuperação em nível mundial.
A variante avança rapidamente e o número de contagiados se multiplica cada dia. Já está presente em boa parte do planeta e, em alguns países, como Estados Unidos, os contágios batem recordes.
De acordo com a Universidade Johns Hopkins, no dia três de janeiro houve mais de um milhão de casos em território norte-americano.
Os estudos asseguram que os sintomas são mais leves e parece menos letal, todavia, a elevada transmissão de ômicron cria novos desafios para os hospitais e os profissionais de saúde esgotados, após terem batalhado ao longo de 24 meses contra a doença.
E tem mais. Cientistas franceses afirmam que no sul da França se descobriu uma nova variante com 46 mutações que mostram uma combinação atípica. O paciente zero é uma pessoa que tinha retornado de Camarões.
E começam a aparecer, também, casos de Flurona, uma combinação de gripe e Covid-19. Depois do primeiro caso registrado em Israel, já se sabe de outros na Espanha e Hungria, no Brasil inclusive, o primeiro país da América Latina em notificar esse tipo de contágio.
O epidemiologista Abdi Mahamud, chefe do Escritório de Gestão de incidentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) assinalou que as vacinas continuam mostrando eficácia para evitar hospitalizações urgentes e mortes por Covid-19.
Eis chave da questão. A vacinação não progride do mesmo modo em todas as partes. Desde o começo, as nações mais ricas monopolizaram os imunizantes, em detrimento das menos desenvolvidas.
O mecanismo COVAX não funcionou como se esperava, embora tivesse sido criado para possibilitar maior acesso dos pobres às vacinas. Ante a presença de ômicron, as nações ricas aplicam uma dose de reforço, porém, nas nações menos desenvolvidas boa parte da população ainda não tem o esquema completo de vacinação.
Em muitos casos, os imunizantes chegaram atrasados e, em certas ocasiões, foi preciso devolvê-los ou jogá-los fora, porque sua data de validade tinha expirado e os governos não puderam distribuí-los em tempo.
O mundo retrocedeu em muitos aspectos nos últimos dois anos. A pobreza e a fome, o desemprego, a violência de gênero aumentaram e tornou-se mais profundo o fosso entre ricos e pobres, não só em nível internacional, mas também dentro das fronteiras.