Alberto Fernãndez
O presidente da Argentina, Alberto Fernández rejeitou categoricamente a intenção do Fundo Monetário Internacional FMI de impor a seu país um programa de ajuste em troca de reprogramar os pagamentos de um crédito concedido durante o governo de Maurício Macri.
Estamos falando numa escandalosa operação, realizada em 2018. De um lado, por causa do montante: 56 bilhões 300 milhões de dólares, um dos mais elevados que a instituição financeira tinha dado. Do outro, porque a maior fatia acabou em contas correntes particulares no exterior.
Quando Fernández entrou na Casa Rosada, o FMI já tinha transferido 44 bilhões 200 milhões de dólares, e as novas autoridades se negaram a receber o resto, justamente por causa de seu impacto de curto e médio prazo.
Mesmo assim, as cargas são onerosas. Só em 2022 se deve pagar entre capitais e juros 19 bilhões de dólares, aos que se somarão outros 20 bilhões no ano que vem.
É uma pedra amarrada ao pescoço da economia argentina, que Macri deixou em frangalhos; logo depois o país sofreu o impacto da pandemia da Covid-19, o que impediu implementar o programa de reaquecimento econômico prometido por Fernández.
Uma investigação interna do próprio FMI revelou que o crédito foi entregue em condições irregulares e os objetivos pactuados não foram alcançados, mas isso não impede que agora trate de aplicar medidas externas para recuperar o dinheiro.
As alternativas são diabólicas, porque se pagar como estava previsto, a economia nacional irá para o brejo. Se aceitar o plano de ajuste para reprogramar a dívida, os programas sociais e o povo pagarão caro, e se declarar cessação de pagamentos, o país se expõe a sofrer retaliações financeiras.
O Fundo e seu principal acionista, os Estados Unidos, estão atuando como vulgares agiotas, esses delinquentes que emprestam dinheiro com juros indecentes para ter sua vítima nas mãos e tirar sua última gota de suor e sangue, porque sabem que não pode pagar.
Faz quatro anos arás violaram as regras para salvar Macri. Agora pretendem estrangular um governo que não é de seu agrado, provavelmente com a intenção de que o macrismo, ou seja, o neoliberalismo volte à Argentina, justamente quando sopram ventos de mudança progressista na América do Sul.
Nos próximos dias, o chanceler argentino Santiago Cafiero viajará a Washington para conversar sobre o assunto com Anthony Blinken. Não vai a Genebra para se reunir com Kristalina Georgieva, diretora do FMI, porque todo o mundo sabe quem manda de verdade no Fundo.